Um grupo de ex-presidentes latino-americanos foram impedidos de viajar para Caracas nesta sexta-feira (26) por autoridades venezuelanas. Os ex-mandatários são críticos da gestão de Nicolás Maduro e pretendiam observar as eleições presidenciais de domingo no país.
O fechamento das fronteiras aéreas, terrestres e marítimas foi determinado na semana passado em decreto presidencial. Conforme a decisão, o bloqueio vale para pessoas e veículos a partir da meia-noite de sexta até as 8h de segunda (29)
A denúncia foi feita pelo governo panamenho. O voo CM 222, da companhia aérea panamenha Copa Airlines, transportava quatro ex-presidentes para a Venezuela: Miguel Ángel Rodríguez (Costa Rica), Jorge Quiroga (Bolívia), Vicente Fox (México) e Mireya Moscoso (Panamá).
No entanto, a aeronave não conseguiu decolar do aeroporto de Tocumen "por conta do bloqueio do espaço aéreo venezuelano", afirmou o presidente panamenho, José Raúl Mulino, em sua conta na rede social X.
Inicialmente, os ex-mandatários se recusaram a desembarcar do avião, mas depois decidiram sair e se dirigir ao palácio presidencial do Panamá, onde concederam uma coletiva de imprensa. O voo só partiu depois que os ex-presidentes saíram da aeronave.
"Queríamos estar com vocês (...). Dói em nossa alma, queremos uma Venezuela livre (...). Vão votar e cuidem do voto para que não o roubem", disse Moscoso na aeronave, entre aplausos de vários passageiros venezuelanos, segundo vídeos que circulam na rede social X.
Os ex-presidentes latino-americanos haviam se reunido no Panamá para viajar juntos à Venezuela. A situação causou o atraso de outros voos que tinham a Venezuela como destino e também saíam de lá, segundo as autoridades panamenhas.
O chanceler panamenho, Javier Martínez-Acha, repudiou, na coletiva de imprensa ao lado dos ex-presidentes, o bloqueio do voo e disse ter convocado a representante da missão diplomática da Venezuela no Panamá para pedir uma explicação sobre o incidente.
VICE-PRESIDENTE DO PSUV AMEAÇOU LÍDERES
Na quarta-feira (24), Diosdado Cabello, vice-presidente do Partido Socialista de Venezuela (PSUV), havia advertido que, se os líderes viajassem, seriam expulsos.
"Não estão convidados, são 'showseros' (...). Se aparecerem no aeroporto, meu Deus! O que vai acontecer? Expulsamos, expulsamos, não tem problema porque são inimigos deste país, são fascistas (...). Aqui não vão vir para perturbar", afirmou na televisão.
Também na quarta-feira, o ex-presidente argentino Alberto Fernández afirmou que o governo da Venezuela lhe pediu para não viajar para atuar como observador das eleições de domingo, alegando "dúvidas sobre [sua] imparcialidade".
Maduro busca nas eleições de domingo um terceiro mandato consecutivo e enfrenta Edmundo González Urrutia, representante da líder da oposição, María Corina Machado, impedida pela justiça de exercer cargos públicos.