Antes exemplo de resposta à pandemia da Covid-19, a Alemanha agora enfrenta um aumento inédito da taxa de mortalidade pela doença e o governo já planeja aumentar as medidas de restrição em todo o país, que incluiria até a obrigatoriedade do uso de máscaras profissionais por toda a população e a interrupção do transporte público.
Desde o início da pandemia, a taxa de mortes per capita na Alemanha era menor do que a dos Estados Unidos. No entanto, a partir de desde meados de dezembro, isso começou a mudar. Nesse período, diariamente, cerca de 15 a cada 1 milhão de alemães morreram por causa do novo coronavírus. Nos EUA, essa proporção é de 13 a cada 1 milhão.
A chanceler alemã, Angela Merkel, quer implementar uma "megaquarentena", segundo o jornal Bild, fechando todo o território. Autoridades de saúde temem que o país tenha uma explosão de casos e mortes até a Páscoa por causa das duas novas cepas da Covid-19, detectadas no Reino Unido e na África do Sul - ambas 70% mais transmissíveis.
Segundo o jornal, entre as novas medidas avaliadas por Merkel estão a interrupção do serviço de transporte público para curta e longa distâncias, a reintrodução dos controles fronteiriços, a imposição generalizada do uso de máscaras FPP2, as mesmas utilizadas por profissionais de saúde, e a imposição do trabalho remoto
O bloqueio atual no país, sob o qual escolas e lojas e serviços não essenciais foram fechados, deveria durar até o dia 31. No entanto, a chanceler vem dizendo que o país precisaria de mais oito a dez semanas para conter a pandemia.
Nas últimas 24 horas foram registrados 25.164 novos casos e 1.244 mortes no país. No total, são mais de 45 mil óbitos e pouco mais de 2 milhões de infecções. O governo ainda considera que haja subnotificação por causa de mortes ainda não reportadas oficialmente que ocorreram durante os feriados do fim do ano.
Em novembro, com o avanço da segunda onda da pandemia, a Alemanha implementou uma quarentena parcial, permitindo que lojas e escolas ficassem abertas. Tudo foi fechado no mês seguinte. Em janeiro, o governo estendeu a quarentena até o fim deste mês.
Lothar Wieler, presidente do Instituto Robert Koch, a agência do governo responsável pelo controle e prevenção de doenças, disse que a segunda série de restrições não foi implementada de forma tão sólida como durante a primeira onda de contaminações. O instituto tem defendido a ampliação do confinamento em todo o país, alegando que as medidas atuais têm "muitas exceções".
Hospitais em 10 dos 16 Estados alemães estão com 85% dos leitos ocupados por pacientes com Covid-19, informou Wieler. O país tem registrado uma média de 540 novas internações de pacientes com covid-19 ao dia - 31% deles tem morrido, de acordo com dados oficiais.
Com as mortes, aumentou muito a demanda nos crematórios. Em Meissen, cidade ao leste do país, há uma fila pelo serviço. "Atualmente, recebemos 400 (caixões) em uma semana para cremação", o dobro do número usual, disse Jörg Schaldac, diretor do crematório local.
Desde de 26 de dezembro, quando começou a vacinação, quase 900 mil pessoas foram imunizadas - o país tem por volta de 82 milhões de habitantes. Haverá uma reunião entre os líderes regionais no dia 25 para discutir novas restrições.