Moléculas estudadas contra Doença de Chagas são 100% eficazes no combate ao coronavírus, diz pesquisa

Células com carga viral baixa, média e elevada foram tratadas sem efeitos adversos

Estudo do Instituto de Química de São Carlos (IQSC), da Universidade de São Paulo (USP), revelou que 10 moléculas estudadas para o combate da Doença de Chagas mostraram-se 100% eficazes para tratar células infectadas pelo novo coronavírus. 

Testes realizados em laboratórios onde o vírus está isolado mostraram que, além de eliminar o SARS-CoV-2, as substâncias não geraram efeitos adversos para as células. Os resultados obtidos até o momento permitem que a pesquisa avance para a fase pré-clínica, quando os compostos deverão ser testados em animais. 

Para os pesquisadores, as moléculas são capazes de interromper o ciclo biológico do novo coronavírus nas células inibindo uma de suas principais enzimas: a Mpro. Esta atua para facilitar a liberação do RNA do vírus, processo que faz com que ele se replique pelo organismo.

As moléculas foram testadas em células de câncer de pulmão humano infectadas pelo vírus. Alguns dos compostos conseguiram eliminar totalmente o SARS-CoV-2 de células que apresentavam carga viral baixa e moderada.

Eficácia em alta carga viral

Uma das substâncias também foi eficaz contra carga viral elevada, apresentando resultados similares ao fármaco que está sendo desenvolvido pela Pfizer, que se encontra na fase clínica de estudos.

Os cientistas procuram, agora, novas parcerias e investimentos para que o estudo continue e comece a etapa de testes com animais.

A pesquisa conta atualmente com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, por meio do projeto Planejamento molecular e síntese de inibidores da principal protease do coronavírus SARS-CoV-2 Mpro.