Cientistas descobriram a maior bactéria do mundo, que é 5 mil vezes maior que outras e pode ser vista a olho nu. A descoberta ocorreu na ilha de Guadalupe, nas Antilhas francesas, pelos pesquisadores Jean-Marie Volland e Olivier Gros, e foi publicada na revista Science, nesta quinta-feira (23).
Além de ter um tamanho maior, medindo até dois centímetros, também possui uma estrutura mais complexa. A bactéria que ganhou o nome científico de "Thiomargarita magnifica" tem formato similar ao de uma sobrancelha.
O professor de biologia da Universidade das Antilhas e coautor do estudo, Olivier Gros, apontou que o micróbio foi visto pela primeira vez em 2009 nos manguezais de Guadalupe.
"No começo pensava que era qualquer coisa menos que uma bactéria, não era possível".
No entanto, foi no laboratório dele, no campus de Fouillol, em Guadalupe, que ele foi estudando a bactéria com pequenos filamentos brancos.
Enquanto o tamanho médio de uma bactéria varia entre dois a cinco micrômetros, esta "pode ser vista, posso pegá-la com uma pinça de depilação!", detalhou à AFP.
Comprovando a teoria
Ao realizar técnicas de descrição celular com microscópio eletrônico, Gros descobriu que se tratava de um organismo bacteriano. No entanto, devido ao tamanho, "não estávamos certos de que se tratasse de uma única célula", detalhou o cientista, pois uma bactéria é um organismo unicelular.
Após se deslocar para um laboratório estadunidense, o pesquisador teve acesso a técnicas muito aperfeiçoadas.
Sem esquecer um importante apoio financeiro e "o acesso a pesquisadores especialistas em sequenciamento do genoma", admite o cientista, que qualifica esta colaboração americano-guadalupense de "história bem sucedida". As imagens em 3D possibilitam provar que todo o filamento é uma célula única.
O pesquisador com pós-doutorado da Universidade das Antilhas, Jean-Marie Volland, que aparece como autor do estudo publicado na Science, explicou que a forma do DNA apresentada em compartimentos é "uma característica das células humanas, animais, vegetais... Mas de nenhuma maneira das bactérias".
"Quando geralmente nas bactérias o DNA flutua livremente na célula, nestas se compartilham pequenas estruturas, como pequenas bolsas rodeadas de uma membrana, que isolam o DNA do restante da célula".
"Este gigante bacteriano questiona muitas regras estabelecidas em microbiologia" e "nos oferece a oportunidade de observar e compreender como a complexidade emerge em uma bactéria viva", concluiu Volland.