Técnica de enfermagem é indiciada por não aplicar vacina contra Covid em idosa em Alagoas

Profissional não apertou êmbolo da seringa e foi indiciada por crime de infração de medida sanitária preventiva

Uma técnica de enfermagem que não aplicou a vacina contra Covid-19 em uma idosa de 97 anos em Maceió, Alagoas, foi indiciada por crime de infração de medida sanitária preventiva pela Polícia Civil. O indiciamento foi confirmado nessa terça-feira (23) pelo delegado responsável pelo caso. As informações são do portal G1.

O caso aconteceu em janeiro, durante etapa de vacinação contra o novo coronavírus em idosos de 85 anos na capital alagoana. A família da idosa mostrou, em vídeo, que a técnica de enfermagem não aplicou o conteúdo da seringa na paciente. A profissional foi afastada do cargo após denúncia da família.

Investigação sobre a aplicação

A Delegacia dos Crimes Contra a Ordem Tributária e Administração Pública (Deccotap) ficou responsável pelas investigações do caso, cujo inquérito foi concluído após os familiares da idosa, a cuidadora dela — que testemunhou o fato —, a técnica de enfermagem e colegas de trabalho. O vídeo e o laudo pericial realizado na seringa usada pela profissional da saúde também foram utilizados.

De acordo com Antônio Edson, titular da Deccotap, a técnica de enfermagem relatou, em depoimento, que não ministrou a vacina por ter se distraído durante a aplicação do imunizante.

O inquérito foi enviado ao Ministério Público Estadual (MPE), que decidirá se a trabalhadora da saúde será ou não denunciada. A pena do crime é de detenção entre um mês a um ano. A mulher, contudo, pode pegar três anos de prisão por ser funcionária da saúde pública.

O MPE pediu que a Polícia Civil investigasse o caso em fevereiro, buscando saber se a profissional não tinha realmente aplicado a vacina e cometido algum crime. Dois dias depois, peritos criminais do Instituto de Criminalística de Alagoas (IC) confirmaram que o êmbolo da seringa não tinha defeitos — a técnica de enfermagem não havia aplicado a vacina.

Como foi o caso

Durante a imunização, a paciente foi filmada pela cuidadora, e o vídeo, compartilhado no grupo da família da idosa. Um parente, médico, percebeu pelas imagens que a dose não tinha sido aplicada.

A neta da idosa ligou para a cuidadora, que retornou com a paciente ao local de imunização. A coordenadora da unidade questionou a volta, mas liberou nova aplicação ao assistir ao vídeo.

À época, a Secretaria Municipal da Saúde afirmou que tinha ocorrido uma "falha humana" durante a aplicação do imunizante. A Prefeitura de Maceió tratou o caso como "isolado", mas tomou o fato "com indignação".