A chegada do Carnaval, após dois anos de comemorações impactadas pela pandemia, tem gerado expectativa nos foliões. Seja viajando ou curtindo na própria cidade, o consumo de álcool faz parte da programação momina de muitos foliões.
Contudo, para aproveitar os quatro dias de festa com segurança, é importante evitar excesso de bebidas alcoólicas. O exagero pode desencadear problemas de saúde, como a gastrite alcoólica.
Para explicar o que é a doença e dar dicas de como evitá-la, o Diário do Nordeste falou com o médico Sérgio Pessoa, Presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG).
O que é gastrite alcoólica?
A gastrite é a inflamação da mucosa do estômago. A condição é comum e tem diversas causas, como o uso prolongado de anti-inflamatórios ou a bactéria H. Pylori.
Segundo a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), cerca de 70% da população é acometida pela doença. A gastrite alcoólica é causada pelo consumo de álcool em excesso.
Entre os sintomas, estão dor na boca do estômago, sensação de queimação, náuseas e vômitos. Em casos graves, a gastrite pode gerar hemorragia, identificada por vômito com sangue ou fezes muito escuras.
Se não tratada, a gastrite pode desencadear uma inflamação mais intensa no estômago, com chance de destruição. Há também chance de evolução para úlcera - feridas que causam forte dor e incômodo.
Sérgio Pessoa aponta que a ausência de sintomas não é garantia de que o indivíduo não apresenta gastrite. É importante realizar check-up regularmente para afastar os riscos da doença.
Como evitar a gastrite alcoólica?
Para reduzir os danos do álcool, é importante seguir as recomendações dos especialistas. Sérgio explica que o ideal é intercalar a ingestão de álcool com a de água e se manter alimentado.
É importante, no entanto, escolher alimentos leves, já que a gastrite pode ser intensificada pela ingestão excessiva de café, refrigerantes, alimentos gordurosos e condimentados.
Outro fator que predispõe a ocorrência de gastrite é o uso de medicamentos anti-inflamatórios ou a base de aspirina. Fumantes também têm um risco maior de ter quadros da doença, segundo o especialista.
Não há uma indicação da quantidade máxima de álcool que pode ser ingerida - já que esses limites são individuais. É importante, portanto, observar os sinais do organismo para decidir o quanto beber.
O mais importante não é o tipo de bebida, é a quantidade de bebida ingerida. Principalmente os destilados, têm o potencial de lesão maior.
O que fazer?
Os efeitos do álcool, a exemplo da tradicional 'ressaca', incluem dores na barriga e mal-estar. Sérgio explica que é comum o individuo se recuperar espontaneamente entre 40 e 72h.
Se não houver melhora natural no período, há chances de que o individuo tenha quadro de gastrite alcoólica. Em caso de aumento da dor e dos vômitos, deve-se procurar serviço de emergência.
Entre os exames que podem ser indicados pelo médico para comprovar a gastrite, está a endoscopia. O tratamento para a doença varia caso a caso e deve ser recomendado apenas por um profissional da saúde.
Conforme Sérgio, a recomendação para indivíduos que suspeitem da gastrite é interromper o consumo de álcool, ingerir bastante água e manter alimentação leve. Dessa forma, para conseguir aproveitar os quatro dias de folia no Carnaval, é importante evitar excessos.
O médico alerta que continuar a ingerir álcool mesmo com sintomas é perigoso. "O primeiro risco é você agravar uma lesão aguda. Alguns casos graves podem vir associados a hemorragia, principalmente quando se bebe e toma remédios anti-inflamatórios ou com base de aspirina", explica.