O selênio é um mineral com grande poder antioxidante, capaz ainda de fortalecer o sistema imunológico e agir em prol do correto funcionamento da tireoide. Também previne problemas cardíacos, como a aterosclerose, e colabora para a saúde do cérebro e dos ossos.
Por ser um oligoelemento, é um nutriente essencial apenas em pequenas quantidades. A falta ou excesso desse mineral, portanto, pode causar problemas sérios ao corpo humano, conforme frisa o médico especialista em medicina integrativa, Arthur Ribeiro da Costa*.
No organismo surge, em grande parte, na forma dos aminoácidos selenocisteína e selenometionina. Ambos são gerados por reações químicas que ocorrem após a ingestão da substância.
A maior fonte natural de selênio é a castanha-do-Pará, oriunda do Brasil. Duas castanhas por dia fornecem a quantidade diária indicada de selênio.Outras formas de consumi-lo são por meio dos miúdos de animais e frutos do mar como lagostas e caranguejos.
Independente da forma escolhida, se é uma alimentação mais simples ou sofisticada, é importante frisar que o ideal é que se mantenha uma dieta equilibrada, avalia o médico.
O que é?
Selênio é um elemento químico essencial para o metabolismo e funcionamento do corpo humano, fazendo parte de um conjunto de elementos chamados micronutrientes, que são os minerais e vitaminas.
Nos seres vivos, está presente minimamente em fração livre e sua maior parte em forma orgânica ligado à aminoácidos (selenocisteína e selenometionina).
A partir da absorção pelo intestino, a maior parte dele vai para o fígado, onde é metabolizado para formar as imprescindíveis selenoproteínas, explica o médico.
Para que serve?
Trata-se de parte fundamental no metabolismo humano, formando um grupo de proteínas especializadas chamadas selenoproteínas.Elas participam de forma fundamental, de acordo com o médico, em diversos processos como a ativação e regulação do sistema imunológico, produção dos principais fatores antioxidantes do corpo, reprodução e reparo celular pela síntese de DNA e funcionamento dos hormônios da tireoide.
O selênio tem, ainda, a função de prevenir o surgimento e o avanço das doenças neurodegenerativas.
Alimentos ricos em selênio
A maior fonte natural de selênio existente é a castanha-do-Brasil, aqui chamada de castanha-do-Pará, detalha Arthur Ribeiro. Também pode ser encontrado em outros alimentos saudáveis, principalmente de origem animal, como peixes, como sardinhas e atum; carnes de aves como frango e peru, ovos e também vegetais, como espinafre.
“É importante lembrar que a quantidade de selênio em fontes naturais vai variar conforme a quantidade disponível de selênio no solo de cada região, ou na alimentação das fontes de origem animal”, destaca o médico.
O que o excesso pode causar
Apesar de ser essencial à saúde, assim como a maioria dos elementos do nosso organismo, o selênio em excesso pode ser prejudicial, frisa Arthur Ribeiro.
“A forma de intoxicação de selênio mais comum é a exposição ocupacional, geralmente relacionada à indústria de metais pesados, onde pode haver contaminação, seguido por suplementação inadequada e, muito raramente, por fontes alimentares”, acrescenta.
Os sintomas de intoxicação por selênio são inespecíficos e podem variar de um espectro de manifestações como queda de cabelo, fragilidade de unhas, fadiga e manchas na pele, até manifestações mais graves quando existe intoxicação aguda (no caso de o nível no sangue estar muito elevado), como insuficiência respiratória, cardiovascular e disfunção renal e hepática.
“Se você tem sinais de intoxicação por selênio ou outras substâncias, deve procurar um profissional de saúde especializado para confirmação diagnóstica e um tratamento adequado”, indica o médico.
Sintomas de selênio baixo no organismo
Os sinais e sintomas decorrentes da falta de selênio no organismo dependerão do grau e do tempo da insuficiência do mineral, explica o entrevistado. Podem incluir:
- Fadiga crônica;
- Déficit cognitivo (alterações de memória, foco e concentração);
- Performance muscular reduzida;
- Problemas cardiovasculares;
- Cabelos sem vida e com queda aumentada;
- Unhas fracas;
- Sistema imune deficitário, suscetível à infecções recorrentes;
- Infertilidade;
- Asma;
- Alergia;
- Deficiência dos hormônios da tireoide.
A deficiência de selênio ou hiposselenemia se trata de uma deficiência nutricional rara em humanos, sendo mais comum em animais de fazenda. Ela ocorre quando se consome o mineral abaixo do recomendado.
Além disso, crianças com deficiência durante a fase de crescimento podem ter uma doença incapacitante das articulações e dos ossos (doença de Kashin-Beck).E, se essa deficiência for combinada com a deficiência de iodo, pode surgir o bócio e o hipotireoidismo (tireoide hipoativa).
Como é a ação antioxidante e de prevenção de doenças degenerativas do selênio?
O mineral é um precursor direto de um dos mais eficazes dos nossos antioxidantes naturais, a glutationa peroxidase, frisa o médico. “Ao formar a chamada selenoproteína P, que possui grande quantidade de selênio, exerce ação antioxidante poderosa no organismo, combatendo o estresse oxidativo das espécies reativas de oxigênio (ROS)”, acrescenta.
Esse estresse oxidativo é o responsável pelos danos causados às nossas células, responsáveis pelo aparecimento de inúmeras doenças, como o câncer, além de participarem do processo de envelhecimento celular.
Como é a atuação em prol da tireoide?
Para a ação adequada dos hormônios tireoidianos é necessário, segundo Arthur Ribeiro, existir a perfeita conversão periférica do hormônio mais estável T4 (tetraiodotironina), em sua forma ativa, o T3 (triiodotironina).
“Essa ação é realizada pelas deiodinases, selenoproteínas especializadas e indispensáveis nessa conversão É, assim, crucial ao balanço energético, regulando todo metabolismo corporal”, avalia.
Como atua na imunidade do organismo?
Assim como diversos outros oligoelementos (vitaminas e minerais), o selênio age na constituição do sistema imunológico. Tem também papel crítico na formação do antioxidante chamado glutationa peroxidase, a partir da formação de selenoproteínas.
Essas enzimas utilizam selênio para reações que protegem as células do estresse oxidativo provocado pelo acúmulo de toxinas oriundas de reações metabólicas, analisa o médico.
Arthur Ribeiro também faz um alerta. “Infelizmente o papel central do selênio e de outros oligoelementos não é tratado com a devida importância pela grande maioria dos profissionais de saúde.
O motivo principal é o desconhecimento, e não é culpa apenas dos profissionais, e sim fruto de um lobby industrial farmacêutico gigantesco, das indústrias alimentícia e de medicamentos, que dominam o ensino e pesquisas da área da saúde, através de financiamentos.
Estes certamente não irão lucrar com profissionais recomendando suplementação de selênio ou o consumo de castanhas, e tampouco interessa que a imunidade de seus consumidores esteja em perfeito estado”, comenta.
Quando se deve suplementar o selênio e em que quantidades?
O selênio é um nutriente que deve fazer parte da dieta de forma regular, e a melhor maneira de fazer isso, segundo o médico, é tendo uma boa base de alimentos saudáveis que contenham o mineral, como os que foram listados.
“Já a suplementação fica reservada para os casos onde existe deficiência do elemento, como em disfunções da tireóide, do sistema imune e neurológicas.
É importante que esta deficiência seja diagnosticada por um profissional qualificado, que vai adequar sua suplementação aos objetivos clínicos.Prescrevendo na dose e forma corretos, pelo tempo necessário para cada pessoa, de forma individualizada”, enfatiza.
*Dr Arthur Ribeiro é médico especialista em medicina interna com residência [Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza e Hospital Universitário Walter Cantídio -UFC] e especialização [UFC]. Atua no tratamento de pacientes graves em UTI há mais de 10 anos e também como professor e preceptor de medicina. Possui certificações internacionais em medicina integrativa. Membro da A4M, Nutrition Network e diversas outras formações em medicina metabólica. É praticante de jejum intermitente e dieta cetogênica há mais de cinco anos.