Traficante preso no CE negociava fuzil e granada e avaliava qualidade de drogas pelas redes sociais

Investigação da Polícia Civil do Ceará mostrou uma extensa rede de crimes, com ligações em outros estados brasileiros e até em outros países, comandada pelo suspeito

O aprofundamento da investigação sobre a atuação criminosa do paranaense Rodrigo Lupércio Sebastião, o 'Chocolate', de 45 anos, preso em solo cearense em abril deste ano, mostrou à Polícia Civil do Ceará (PC-CE) uma extensa rede de crimes, com ligações em outros estados brasileiros e até em outros países. Chefe de uma facção de origem carioca, ele atuava no grupo criminoso como avaliador da qualidade do entorpecente, a partir de fotografias, e negociador de armas como fuzil e granada.

Os crimes foram descobertos em uma investigação conjunta realizada pelo Departamento de Inteligência Policial (DIP), pela Delegacia de Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro (DCCLD), pela Delegacia de Narcóticos (Denarc) e pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), setores da PC-CE, a partir da extração de dados de aparelhos celulares apreendidos com o suspeito, autorizada pela Justiça Estadual.

Rodrigo Lupércio e a esposa Caroline Carvalho Vieira Marques foram presos em razão de mandados de prisão preventiva, na posse de três carros de luxo que valem cerca de R$ 1,4 milhão e de ouro e joias avaliados em R$ 150 mil, em um condomínio de luxo em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), no dia 13 de abril deste ano. A mulher foi solta no dia seguinte, para cumprir prisão domiciliar e cuidar de duas filhas menores de idade e autistas. Enquanto o homem segue encarcerado no Sistema Penitenciário cearense. A defesa dos acusados nega o cometimento dos crimes.

Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, o casal virou réu na Vara de Delitos de Organizações Criminosas, no último dia 14 de junho: 'Chocolate', pelos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica; e Caroline, por lavagem de dinheiro.

As autoridades levantaram que o casal levava uma vida de luxo no Ceará há cerca de dois anos, onde lavavam dinheiro do tráfico internacional de drogas na compra de bens móveis e imóveis, com ajuda de uma "empresa de fachada". Para dar ordens à facção para cometer crimes em outros estados, Rodrigo Lupércio se utilizava das redes sociais ou mesmo viajava para os locais.

Em um dos episódios descobertos pela PC-CE, 'Chocolate' se deslocou ao Estado do Pará para enviar 320 kg de cocaína escondidos em uma carga de açaí para Portugal. A negociação foi tramada antes da prisão do suspeito no Ceará, mas o entorpecente chegou à Europa e foi apreendido somente dois meses depois.

Confira negociações de ilícitos pelas redes sociais:

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O que diz a defesa de 'Chocolate'

defesa de Rodrigo Lupércio Sebastião, representada pelo advogado Marcelo Brandão, nega o cometimento dos crimes. "Nunca encontraram uma grama de droga com ele (cliente), nem droga exportada por ele", sustenta o defensor, que também nega o envio da droga em carga de açaí para Portugal.

Segundo Brandão, o cliente foi condenado por roubo a banco em outro Estado, cumpriu a pena e se mudou para Fortaleza para recomeçar a vida, como vendedor de veículos de luxo.

Ele vendia esses carros (apreendidos). Nenhum carro é dele, e os donos estão requerendo os carros. Ele não tem nenhum apartamento, nem riqueza. A Polícia conseguiu os mandados de busca e apreensão e não achou nada, nem dinheiro foi apreendido."
Marcelo Brandão
Advogado de defesa

Marcelo Brandão afirma que a defesa de Rodrigo Lupércio está trabalhando na sua absolvição e que irá tentar a sua liberdade, para voltar à vida com a esposa e as filhas, "que estão doentes e precisam dele".