Uma testemunha da Chacina das Cajazeiras convocada para uma audiência, por videoconferência, na 2ª Vara do Júri de Fortaleza, da Justiça Estadual, pediu para não ser ouvida na presença dos réus pelo crime. Ela alegou que tem medo e, por isso, não queria ser vista pelos acusados. 14 pessoas foram mortas na Chacina, em janeiro de 2018.
O juiz determinou que os 10 réus que estavam presentes na sala virtual se retirassem, para a testemunha (identidade preservada) ser ouvida, no último dia 4 de abril, como forma de "minimizar ao máximo o mal estar, constrangimento e temor da vítima", segundo o Termo de Audiência.
Sem a presença dos réus, a testemunha foi qualificada e advertida das penas pelo crime de falso testemunho, e em seguida prestou seu depoimento, respondendo às perguntas que lhe foram formuladas, tudo registrado em formato audiovisual e juntado aos autos digitais."
Outras três pessoas (duas vítimas sobreviventes e uma testemunha) também seriam ouvidas na mesma audiência, mas não foram localizadas e intimadas do evento. O Ministério Público do Ceará (MPCE), então, requereu a desistência dessas oitivas, no processo.
Estiveram presentes os réus Deijair de Souza Silva, Francisco de Assis Fernandes da Silva, Auricélio Sousa Freitas, Zaquei Oliveira da Silva, Ednardo dos Santos Lima, João Paulo Félix Nogueira, Victor Matos de Freitas e Ruan Dantas da Silva, todos presos em presídios estaduais. Além dos irmãos Misael de Paula Moreira e Noé de Paula Moreira, detidos na Penitenciária Federal de Brasília.
Enquanto outros três réus não participaram da audiência, em decorrência de problemas na conexão com a Internet ocorridos nos presídios onde eles estão presos: Fernando Alves de Santana, Francisco Kelson Ferreira do Nascimento e Joel Anastácio de Freitas. E Ayallla Duarte Cavalcante continua foragido e, por isso, não foi intimado.
Essa foi a quinta audiência do processo criminal realizada na Justiça. As duas próximas audiências foram marcadas para os dias 16 e 18 de maio. Nove réus devem ser interrogados na primeira data. E as testemunhas de defesa - apontadas pelos outros cinco réus - devem ser ouvidas na segunda data.
Justiça nega pedidos de liberdade
A 2ª Vara do Júri de Fortaleza proferiu novas decisões no processo criminal que trata da Chacina das Cajazeiras, em que rejeitou pedidos de liberdade de três réus, no último dia 5 de abril: Deijair de Souza Silva, Auricélio de Sousa Freitas e Francisco de Assis Fernandes da Silva.
A Chacina das Cajazeiras entrou para a história moderna do Ceará como a matança com o maior número de vítimas: foram 14 vidas ceifadas, no Forró do Gago, em Fortaleza, no dia 27 de janeiro de 2018. Quatro anos depois, nenhum dos 14 réus - apontados como integrantes de uma facção criminosa cearense - foi julgado.
A investigação policial apontou que uma facção criminosa cearense cometeu a matança com o intuito de atacar uma facção rival, de origem carioca, que dominava a região onde acontecia a festa. Entretanto, algumas das vítimas não tinham ligação com o grupo criminoso e não tinham sequer antecedentes criminais.