Um técnico de enfermagem foi preso em flagrante, na posse de maconha, na Unidade Prisional de Itaitinga 3, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), na última terça-feira (28). Em depoimento, ele afirmou que foi contratado por advogadas e por um familiar de um detento para entregar a droga aos presos.
Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, a equipe de policiais penais do presídio começou a desconfiar do técnico de enfermagem Lucas Pereira Amora quando o viu transitar com uma mochila dentro da Unidade. A recomendação para servidores ou prestadores de serviço é deixar qualquer bolsa no setor administrativo.
Outro comportamento suspeito do técnico de enfermagem foi solicitar o acompanhamento de um policial penal para entregar uma medicação a detentos da "ala de segurança máxima" do presídio, por volta de 10h40. Sendo que a equipe de saúde já havia distribuído os remédios no horário padrão, às 6h.
A Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará (SAP) confirmou a prisão em flagrante, em uma ação "envolvendo a Coordenadoria de Inteligência (COINT) da SAP, o Grupo de Ações Penitenciárias com Cães (GAP-CANIL), a direção da Unidade Prisional (UP) Itaitinga 3 e policiais penais plantonistas".
Um cão farejador foi acionado para procurar ilícitos na ala de saúde da Unidade Penitenciária e encontrou a droga dentro da mochila de Lucas. Foram apreendidos 69 gramas de maconha escondidos em frascos de remédios, além de uma quantidade do suplemento creatina (que os policiais penais acreditam que seria misturado a cocaína), canetas (suspeita-se que seriam utilizadas para membros de uma facção criminosa se comunicarem), um remédio antidepressivo e o aparelho celular do suspeito.
Contratado por advogadas
Lucas Pereira Amora foi levado à Delegacia de Narcóticos (Denarc), da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), e autuado pelo crime de tráfico de drogas, com os agravantes de ser cometido por servidor público ou terceirizado do Estado na função de guarda e de ocorrer dentro de unidade prisional.
Em depoimento à Polícia, o técnico de enfermagem contou que trabalha há 5 anos na UP Itaitinga 3 e confessou que já foi contratado por duas advogadas e por um familiar de um preso, para entregar drogas a detentos.
teriam sido pagos a Lucas, através de uma transferência por Pix, feita por um familiar de um detento, para o profissional de saúde levar a maconha para dentro do presídio. Em outra transferência, o técnico de enfermagem teria recebido R$ 2 mil de uma advogada.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Lucas Pereira Amora. A Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE) foi procurada sobre a situação das advogadas suspeitas de integrar o esquema criminoso, mas não deu retorno até a publicação desta matéria.