Instantes após o Edifício Andrea ter desabado, o engenheiro José Andreson Gonzaga dos Santos se apresentou voluntariamente à Polícia Civil. No depoimento, ele disse que não havia começado ainda a intervenção no prédio. Logo que a versão do engenheiro chegou aos moradores do Edifício Andrea, eles negaram. A reforma já tinha sido iniciada, e há mais de 24 horas antes da queda do imóvel.
Nesta quinta-feira (30), a Polícia Civil do Ceará falou sobre o falso testemunho do engenheiro, mesmo assim, as autoridades descartaram que ele fosse indiciado, especificamente, por este delito. Andreson, Carlos Alberto Loss de Oliveira e Amauri Pereira de Souza foram indiciados pelo artigo 29 da Lei das Contravenções Penais, que consiste em provocar o desabamento de construção, ou por erro na execução. E também pelo artigo 256 combinado com o artigo 258 do Código Penal Brasileiro, por causar desabamento ou desmoronamento.
Sobre o falso testemunho, de acordo com o delegado Munguba Neto, titular do 4º Distrito Policial, unidade responsável por investigar o caso, "a Constituição admite que o suspeito, o indiciado não traga elementos que possam piorar a situação dele. É algo da defesa que está previsto em lei".
Também segundo o policial, ficou demonstrado, por imagens de câmeras de segurança, que o engenheiro mentiu, mas isto "não vai influir e nem contribuir para o indiciamento dele". Andreson havia dito que em 14 de outubro, um dia antes do desabamento, os serviços tinham sido autorizados e ele efetuado o pagamento para emissão de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), documento necessário para a execução da reforma.
Ainda no dia 14, José Andreson esteve com funcionários no prédio e deixou materiais e equipamentos para as obras. Ele é proprietário da Alpha Engenharia e estava como engenheiro técnico responsável pela reforma no Andrea.
Investigação
Para a Polícia Civil e Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), o trio indiciado agiu de forma "determinante" para a queda do prédio. Entre sobreviventes e testemunhas, 40 pessoas foram ouvidas no inquérito. As autoridades indicaram cinco fatores que contribuíram para a queda do prédio.
O Edifício Andrea, de sete andares, ficava localizado no cruzamento da Rua Tomás Acioli com Rua Tibúrcio Cavalcante, no Bairro Dionísio Torres. Ele desabou na manhã do dia 15 de outubro de 2019 e deixou 9 pessoas mortas e 7 pessoas foram resgatadas com vida. Uma operação do Corpo de Bombeiros foi montada para procurar por pessoas que estavam desaparecidas. As buscas aconteceram ao longo de cinco dias.