Dias sem ter notícias do esposo acompanhados da angústia e do questionamento: "o que pode ter acontecido com ele"? As visitas periódicas ao marido preso na Casa de Privação Provisória de Liberdade Agente Elias Alves da Silva (CPPL IV), na Região Metropolitana de Fortaleza, foram suspensas sem que Clara entendesse o porquê.
O que ela demorou quase duas semanas para saber é que o marido nem sequer estava mais na unidade prisional, em Itaitinga, e sim no Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro de Fortaleza. Vítima de vários tiros de bala de borracha, com o maxilar quebrado e prestes a passar por cirurgia, o detento, de identidade preservada, foi transferido ao hospital com duas balas alojadas na cabeça, conforme a denunciante.
[ATUALIZAÇÃO 12 de junho às 12h14]
Após publicação da matéria, a a Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização enviou nota informando que o interno em questão é "acompanhado por equipe multidisciplinar no interior da unidade prisional e recebe tratamento medicamentoso regular para patologia ligada à saúde mental".
A SAP afirmou que: "nos últimos dias, o interno passou a recusar o uso dos remédios, o que acabou culminando num surto psicótico. Durante o episódio do surto, o interno passou a agredir verbalmente os profissionais de saúde e fisicamente os policiais penais de plantão. Diante da situação imposta, os agentes precisaram agir com o uso controlado da força, o que resultou em confronto. Logo em seguida, o interno recebeu atendimento médico, realizou exame de corpo e delito e foi regulado para uma unidade hospitalar. A SAP também esclarece que o serviço social da unidade Unidade Prisional Elias Alves da Silva (UP-Itaitinga4) efetuou várias ligações para a esposa do interno e que as mesmas não foram atendidas pelos familiares do preso. A pasta também comunica que abriu procedimento interno para a completa apuração do caso"
SEM CONSTAR NO SISTEMA
Clara diz que ninguém da Pasta entrou em contato com ela por mais de uma semana: "eu tentava agendar a visita e não constava o agendamento no sistema. Só vim saber mais de uma semana depois e que ele ainda ia demorar a voltar para o sistema".
Agora, a mulher pede que suas visitas ao marido no hospital sejam autorizadas pela Secretaria: "só sei sobre essa necessidade dele da cirurgia, mas me dizem que não posso ver ele".