Grupo suspeito de clonagem e revenda de motocicletas tinha divisão de tarefas entre integrantes

Suspeitos realizavam roubo, clonagem e revenda de veículos, além de falsificação de documentos e placas

A Polícia Civil do Ceará (PCCE) desarticulou, nesta terça-feira (30), uma quadrilha especializada em roubos, adulteração e clonagem de motocicletas. Atuante na Capital e em Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), o grupo também realizava falsificação de documentos e placas para os veículos, com divisão de tarefas entre seus membros.

A ofensiva cumpriu sete mandados de prisão e dez de busca e apreensão expedidos pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas na manhã desta terça. Os alvos estavam nos bairros Autran Nunes, Bonsucesso, Canindezinho, Coaçu, Mondubim, Parque Santa Rosa e Quintino Cunha, além de Maranguape.

Entre os locais vistoriados pelos agentes, está uma empresa de confecção de placas, sediada em Maranguape. Além de placas e documentos de veículos em branco, foram apreendidos carros e munições. Um computador também foi levado pela Polícia, que realizará perícia a fim de obter mais dados sobre os crimes.

Como o grupo criminoso atuava

O grupo se encarregava em roubar motocicletas, as quais eram escondidas em casas abandonadas e terrenos baldios até que se houvesse certificação de que os veículos não fossem rastreados. Após algum tempo, os veículos eram adulterados, tendo chassi e número de motor modificados.

Além disso, um dos alvos se encarregava de levantar dados de motocicletas com as mesmas características das roubadas e banco de dados — ele seria um "expert de informática", conforme o delegado Pedro Viana, titular da Delegacia de Roubos e Furtos a Veículos (DRFV).

Em posse das informações, um Certificado de Registro de Veículo (CRV) falso era confeccionado e repassado ao grupo criminoso. Com os documentos, placas eram clonadas, e os veículos, revendidos após inserção dos itens.

Quem são os suspeitos dos crimes

De acordo com a Polícia, o casal formado por Fernando César Alves Ribeiro Júnior, 28 anos, conhecido como Júnior, e Diana Portela Aguiar, 34 anos, com codinome Dayana, liderava as atividades criminosas. Ele já responde a quatro procedimentos policiais por receptação e um por furto; ela, pelo crime de receptação.

Júnior foi preso ao longo das apurações, e a companheira assumiu o lugar dele na atividade ilícita. Diana comprava os veículos roubados, entregava-os aos adulteradores, adquiria as placas e mandava os documentos falsos serem feitos.

Após ser solto, Júnior, mesmo com tornozeleira eletrônica, teve participação no esquema. Ele, junto com Diana e Claudemir dos Reis, 47 anos, comercializavam os veículos em feiras. O ajudante já responde por receptação.

A investigação também identificou Francisco Erlon Lessa da Silva, 44 anos, conhecido como "Negão". Sem antecedentes criminais, ele trabalhava em uma empresa de placas, sediada em Maranguape, e as clonava. Francisco Jeová Magalhães Dias, 52 anos, sem antecedentes, também participava da atividade.

Joab Vidal de Souza, 23 anos, também sem antecedentes, falsificava os CRVs. Luiz Vítor Santos da Silva, 22 anos, seria o responsável por guardar as motos após os roubos delas.

O único alvo ainda não encontrado é Paulo Nunes Melo, 23 anos, conhecido como "Paulo Júnior", um dos responsáveis pelos roubos. Ele repassaria os veículos para Luiz Vitor. Estes últimos não registravam antecedentes criminais anteriores.

A Polícia, contudo, acredita que o esquema foi dissolvido com a ofensiva realizada nesta terça, uma vez que os alvos foram identificados e tiveram suas funções reconhecidas ao longo dos trabalhos policiais.

Cidadãos são vítimas por fragilidade

O delegado-geral da PCCE, Sérgio Pereira, alerta que os cidadãos percebem que foram vítimas de esquemas do tipo quando passam a receber multas em casa. O bandido, segundo ele, "explora a fragilidade" do comprador, que, às vezes, não sabe que negociou item advindo de prática criminosa.

"O bandido sabe que, se colocar o preço bem abaixo do valor de mercado e facilitar a forma de pagamento, ele tem como dar fluidez ao negócio, ele tem como vender fácil", explica, indicando que o grupo tem dois tipos de vítimas: quem teve o veículo subtraído e quem compra o veículo clonado, ressaltando que há quem o compre de "boa fé".

Sérgio Pereira alerta para, logo que perceber a possível existência de uma clonagem, a vítima acione a Polícia. "O cidadão que está em casa e recebe uma multa que imediatamente não vê como sua, deve registrar um Boletim de Ocorrência", orienta, acrescentando que a Polícia dará seguimento às investigações sobre o caso.

Como denunciar

A população pode contribuir com as investigações da Polícia repassando informações sobre pessoas envolvidas. As denúncias podem ser realizadas pelo número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) ou pelo telefone (85) 31012489, da DRFVC. As autoridades garantem sigilo e anonimato.