"A vaga de um segundo emprego que você sempre sonhou", "meio período para trabalhar de casa" ou "uma boa oportunidade de trabalho para você ter renda extra". As promessas são tentadoras e atraem vítimas que, em pouco tempo, passam a perceber que caíram em um golpe, com prejuízo que chega a R$ 60 mil.
No Ceará, o 'golpe da renda extra' ou 'golpe das tarefas' é investigado pela Polícia Civil, que acompanha boletins de ocorrência registrados, há pelo menos três meses. Só na Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) há cinco denúncias em aberto.
Até o momento, não há informações se quem sofreu o golpe no Estado foi ou não vítima de um mesmo grupo de estelionatários. Também não se descarta que há outras investigações em andamento a partir de inquéritos instaurados na Delegacia Eletrônica, distritais ou nas metropolitanas.
De acordo com a delegada titular da DDF, Keyla Lacerda, o valor do prejuízo é variável: "uma das vítimas disse que chegou a perder R$ 6 mil, outra R$ 4 mil. Já outro caso tem relato de R$ 60 mil. Tudo isso a gente apura no decorrer da investigação".
"São poucos B.Os, recentes, em fase de levantamento inicial. Costumam vir de números de fora, internacionais e o perfil da vítima varia, entre elas estarem ou não empregadas. Tentamos ver se é o mesmo 'modus operandi', se as contas utilizadas para recebimento dos valores é a mesma"
COMO O GOLPE ACONTECE
O Diário do Nordeste teve acesso a prints de conversas com mensagens recebidas por pessoas que perceberam a tempo se tratar de um golpe.
VEJA ABAIXO:
O primeiro contato vem de diferentes formas: seja por SMS, e-mail ou até mesmo mensagem no Whatsapp. Por vezes, estelionatários se apresentam dizendo pertencer a empresas renomadas prometendo 'renda extra' em troca dos consumidores responderem aos questionários.
"É um golpe dividido em etapas. No primeiro momento, as vítimas recebem mensagens majoritariamente pelo Whatsapp oferecendo como ganhar dinheiro, renda extra, cumprindo algumas tarefas, curtindo, fazendo comentários positivos para empresas de grande porte. Usam nomes de empresas conhecidas para gerar credibilidade à vítima, isso faz parte do ludibriar a vítima com o ganho fácil", conta a delegada.
Quando a vítima passa a cumprir as tarefas começa a receber valores pequenos, de R$ 10 a R$ 30.
"A pessoa bate o print para comprovar e é direcionada a um grupo no Telegram. Então vêm as outras tarefas. A pessoa chega a receber algum valor maior, como R$ 40, tudo isso para eles firmarem a credibilidade. Depois, o criminoso então chega para a pessoa e diz que ela precisa fazer investimentos para fazer ganhos maiores. Ela acredita que o negócio é sério porque já recebeu algum dinheiro. Quando ela transfere o valor o golpe é consumado", explica Keyla.
OFERTAS 'TENTADORAS'
A Polícia Civil alerta que o 'golpe da renda extra' é, inicialmente, crime de estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal, podendo ter a qualificadora de fraude eletrônica. A pena parte de um ano de reclusão, quando o estelionato se encaixa no 'tipo básico'.
Keyla Lacerda destaca que o primeiro passo para evitar entrar nas estatísticas enquanto vítima é "não clicar em links desconhecidos e desconfiar de ofertas, que embora tentadoras, são fáceis".
"Se cair no golpe, registrar ocorrência em qualquer delegacia o mais breve possível. Também pode entrar em contato com a agência bancária para tentar reaver o valor. A maior parte do prejuízo é via Pix e o Banco Central tem medida de segurança para pessoas vítimas de golpe envolvendo pagamento Pix. Podem solicitar uma Medida Especial de Devolução junto ao banco", orienta a titular da DDF.