As empresas investigadas nas operações Ásia 1 e Ásia 2, deflagradas pela Polícia Federal (PF) e pela Receita Federal nesta quarta-feira (17), chegavam a declarar apenas 30% do valor dos produtos que importavam da China e dos Estados Unidos.
Os alvos principais das operações são duas empresas de comércio exterior, que importavam produtos para outras empresas, inclusive dos ramos têxtil, de eletrodomésticos e de peças de motocicletas. Dois empresários foram presos temporariamente.
"O empresário está querendo importar um bem. A empresa oferecia o que chamamos de 'pacote completo': 'eu tenho quem te forneça, uma empresa do exterior (trading) que vai fazer essa negociação para exportação para o Brasil, já com a documentação subfaturada, e uma trading no Brasil vai receber essa importação e vai dar validade e vazão a isso", explica o superintendente da Receita Federal no Ceará, João Batista Barros.
"Claro que, se eu estou comprando um bem que vale 100 reais e estou pagando apenas cerca de 30% desse valor pela via oficial, esses outros 70 reais a empresa que exportou quer receber. E isso acontecia numa segunda etapa, por meio sobretudo de doleiros, em que esse dinheiro saía, de pessoa física para pessoa física", completa.
Grupo é investigado por diversos crimes
Empresários, consultores e despachantes aduaneiros são suspeitos de cometer crimes contra a ordem tributária, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal, associação criminosa, falsidade ideológica e descaminho. O esquema criminoso teria causado um rombo de R$ 500 milhões aos cofres públicos e evadido mais de R$ 5 bilhões para o exterior.
Na Operação Ásia 1, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão, nos municípios de Fortaleza, Eusébio e São Gonçalo do Amarante, sendo 8 nas residências das pessoas físicas investigadas e outros 7 nos endereços das empresas.
Na Ásia 2, foram cumpridos, na capital cearense, 2 mandados de prisão temporária em desfavor dos principais sócios-administradores das empresas importadoras, e 20 mandados de busca e apreensão nos endereços das pessoas jurídicas e nas residências de despachantes, também em Fortaleza e em São Gonçalo do Amarante. Os nomes dos investigados e das empresas envolvidas no esquema criminoso não foram divulgados.
Mais de 130 policiais federais e 40 auditores fiscais participaram das duas operações, cujas ordens judiciais foram expedidas pela Justiça Federal do Ceará.