O empresário Marcelo Barberena foi condenado, nesta terça-feira (1º), a 82 anos de detenção. De acordo com a promotora de Justiça Ana Gesteira, o julgamento é o mais longo da história do Ceará. Os jurados definiram, após quase 30 horas de audiência, que o principal suspeito, marido e pai das vítimas foi o responsável pelo duplo assassinato, em uma casa de veraneio, na cidade de Paracuru, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
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A juíza Bruna dos Santos Costa Rodrigues determinou ainda que o réu seja preso imediatamente, de forma provisória, enquanto ainda cabe recurso. Ou seja, Barberena pode recorrer da setença, porém, já deve cumpri-la em regime fechado.
A sentença acontece mais de cinco anos depois que Adriana Moura Pessoa de Carvalho Moraes e a filha Jade Pessoa de Carvalho Moraes foram assassinadas. Barberena foi condenado por duplo homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, impondo recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio. Ao todo, 22 pessoas prestaram depoimento na Câmara Municipal de Paracuru, na qual foi montada uma estrutura específica para que o júri pudesse vir a acontecer.
Os advogados de acusação, Holanda Segundo e Leandro Vasques, comemoraram a sentença. "Nós nos sentimos com o sentimento de dever cumprido. O veredito condenatório foi importante. O conselho de jurados não hesitou em acolher todas as teses da acusação. Acreditamos que esse decreto condenatório, principalmente a prisão, não traz Jade e Adriana de volta da prisão perpétua da prisão onde Marcelo as enviou, mas certamente traz um alívio. E de onde elas estão, devem estar se sentindo justiçadas com essa condenação merecida", declarou Vasques.
Já o advogado de defesas, Nestor Santiago, queixou-se da decisão. "A defesa lamenta profundamente não só a decisão da maioria dos jurados, bem como a pena exagerada que foi aplicada ao Sr. Marcelo Barberena Moraes. As medidas judiciais já estão sendo tomadas em favor dele", informou Santiago.
Manhã
Antes dos debates entre os advogados de defesa, Nestor Santiago, e de acusação, Leandro Vasques , o réu prestou depoimento e se declarou inocente, ao afirmar que confessou o crime por pressão de autoridades policiais. “Não sei porque que fui apontado (como suspeito) desde o primeiro momento. Desde o primeiro momento em que eu cheguei ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), nós fomos seguidos pela delegada como único e verdadeiro suspeito”, pontuou.
Entre as novas testemunhas, os jurados optaram por ouvir também o advogado de Barberena à época do fato, Flávio Jacinto; além do promotor e do juiz que atuaram no caso inicialmente. O ex-advogado do réu negou ter tido conhecimento de que o acusado sofreu agressões dos policiais e afirmou que eles sempre foram bem tratados. Já o juiz Wirleison Flavio e o promotor Cleiton Medeiros sustentaram que não viram indícios para que houvesse investigação da suposta violência sofrida.
As três últimas testemunhas do júri foram peritos da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce). Entre questionamentos de acusação e defesa, os peritos explicaram os resultados de alguns laudos periciais, como o exame que comprovou a existência de material genético de Marcelo Barberena na arma de fogo apreendida na residência, misturado a um material genético de origem desconhecida (que não era das vítimas); a detecção do material chumbo nas vestes do acusado; e a descoberta de material genético de outro homem (não identificado) embaixo das unhas e em parte íntima de Adriana.