Dois presos por triplo homicídio são suspeitos de matar outro PM

Entre os seis autuados pela morte dos três PMs, está o mandante do ataque criminoso, que já estava em um presídio

A força tarefa ordenada pelo Governo para encontrar os autores das execuções de três policiais militares, na última quinta-feira (23), no bairro Vila Manoel Sátiro, em Fortaleza, levou à morte de um suspeito e à prisão de outros seis homens, em menos de 24h após o crime. Entre os autuados pelo crime está o mandante do ataque criminoso, Fabiano Cavalcante da Silva, de 31 anos, que já estava recolhido no sistema penitenciário do Estado.

> Comoção e incredulidade no adeus às vítimas 
 
Dois suspeitos capturados estão envolvidos também no assassinato de outro PM, segundo o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil. Nas diligências realizadas após o triplo homicídio, policiais civis cumpriram mandados de prisão contra Charlesson de Araújo Souza, 20, e Lucas Oliveira da Silva, de idade não revelada. Ambos não tinham antecedentes criminais. Com eles, a Polícia apreendeu dois revólveres calibre 38.

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A dupla teria participado da morte do subtenente Juciano de Lima Barbosa, 53, no Parque São José, bairro vizinho à Vila Manoel Sátiro, no último dia 29 de julho. O policial da Reserva Remunerada comemorava o aniversário do filho, em um bar, quando foi surpreendido por dois homens que trafegavam em uma motocicleta.

Buscas

O delegado Wilson Neto explicou que o trabalho da Inteligência da Polícia levou também à prisão de Francisco Wellington Almeida da Silva, 41, ainda no bairro onde aconteceu o triplo homicídio. Ele seria responsável pela guarda de armas de fogo e drogas na Região e já respondia por roubo, lesão corporal dolosa, contravenção penal e violência doméstica. Na residência do suspeito, os policiais encontraram 250 gramas de cocaína e munições de pistola calibre 9mm, no telhado.

Após a primeira prisão, a Polícia se deslocou para um segundo imóvel, no bairro Parque São José, onde estariam escondidos os autores diretos das mortes dos três PMs. Cercados, os homens ainda tentaram fugir, mas foram contidos pelas equipes policiais.

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Além de Charlesson e Lucas, foram presos Eduardo Vale de Lima, 35, com sete passagens pela Polícia e mandados de prisão em aberto por homicídio e roubo; e Rafael Mendes Almeida, 30, que já respondia por porte ilegal de arma de fogo. Durante as buscas, um sétimo homem foi morto após revidar à ação policial. Segundo a SSPDS, há indícios de que ele também integrava o grupo criminoso. Ele ainda não foi identificado.

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Com o bando, foram apreendidos três revólveres calibre 38; munições de calibres variados; um carregador de pistola; uma balança de precisão e aparelhos celulares. Dois veículos também foram encontrados, incluindo o Volkswagen Voyage preto supostamente utilizado pela quadrilha durante o crime.

Ordem

Conforme Neto, as informações dadas por uma testemunha teriam sido a peça final para levar ao entendimento de que a ordem para o triplo homicídio partiu de Fabiano Cavalcante, retido no sistema penal cearense. Ele teria determinado diretamente a Rafael e Lucas que executassem os PMs. A Polícia informou que outros dois suspeitos são investigados.

Questionado se a ordem teria realmente saído de dentro do presídio, o delegado respondeu: "Não podemos dizer de que forma isso ocorreu, mas acreditamos que sim", revelou. Para o secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André Costa, ainda não há confirmação do fato porque a investigação está em fase inicial.

A reportagem apurou que o preso Noé de Paula Moreira - apontado pela Polícia como líder da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) e mandante da Chacina das Cajazeiras - teria autorizado o assassinato dos PMs. A defesa de Noé, representada pelo advogado Henrique Fontenelle, negou o envolvimento do cliente com as execuções e alegou que inimigos estão querendo prejudicá-lo.

Fabiano foi retirado de um presídio do Estado pelo Grupo de Ações Penitenciárias Especiais (Gape) e levado ao DHPP. Ele já possuía 12 antecedentes criminais, como tráfico de drogas, receptação e roubo. Ele e os outros cinco homens presos foram autuados por triplo homicídio e organização criminosa. A advogada Elisângela Mororó, que defende Rafael Almeida, alegou que o cliente é "inocente" e que a Polícia quer "dar uma resposta à sociedade". Os defensores dos outros suspeitos não foram localizados.

Motivação

André Costa qualificou o ato criminoso como "covarde e vergonhoso". "Isso não demonstra força, mas fraqueza, porque bandidos atiraram pelas costas em policiais que estavam de folga", complementou. Segundo ele, a motivação para os homicídios ainda está sendo apurada.

"Todo e qualquer homicídio a gente apura a fundo, especialmente de policiais, porque o policial é o escudo que separa o bandido do cidadão de bem. Quando esse escudo é derrubado, a sociedade fica desguarnecida", declarou o secretário.

O titular da SSPDS também preferiu não explicar se a morte de um traficante conhecido como 'Thales', na última quarta-feira (22), pode ter motivado as execuções do PM; ou se sucessivas mortes registradas nas 24 horas seguintes ao triplo homicídio têm relação com o crime ocorrido na Vila Manoel Sátiro, na última quinta-feira (23).