Dois policiais militares foram presos em flagrante, pela própria Polícia Militar do Ceará (PMCE), por suspeita de se apropriarem de uma motocicleta de um mecânico, abordado em Fortaleza, na última terça-feira (18). A defesa dos PMs alega que eles "fizeram uma abordagem policial legal, no estrito cumprimento do dever".
A reportagem apurou, com fonte da Polícia Militar, que o subtenente Adorean Xavier Melo e o soldado Israel Rodrigues Costa receberam voz de prisão do coordenador de Policiamento da Capital, após o proprietário da motocicleta procurar pelo veículo no quartel do 16º Batalhão de Polícia Militar (16º BPM).
O homem já tinha ido a uma delegacia da Polícia Civil do Ceará (PC-CE) e às sedes do Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran-CE) e da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania de Fortaleza (AMC), mas não tinha encontrado o veículo.
Os dois policiais militares teriam se apropriado da motocicleta enquanto estavam em serviço, durante uma abordagem ao mecânico, no bairro Barroso, na manhã da última terça-feira (18). Os servidores teriam alegado ao homem que levariam o veículo a uma blitz do Batalhão de Polícia de Trânsito Urbano e Rodoviário Estadual (BPRE), para averiguarem a moto, mas não havia blitz na região.
Após serem chamados pelo coordenador de Policiamento da Capital, os PMs devolveram o veículo, no turno da tarde. Os militares foram autuados pelo crime de apropriação indébita e levados ao Presídio Militar.
A defesa dos policiais, representada pelo advogado da Associação das Praças do Estado do Ceará (Aspra), Francisco Sabino, compareceu à Coordenadoria de Polícia Jurídica Militar (CPJM) para prestar assessoria jurídica aos PMs.
"Os PMs estavam de serviço e fizeram uma abordagem policial legal, no estrito cumprimento do dever. Neste contexto não houve qualquer prática criminosa que justificasse a prisão dos policiais e que houve equívoco por parte da CPJM. A inocência dos policiais restará provada ao final do processo", garantiu Sabino.
A Polícia Militar do Ceará confirmou, em nota, que "o caso será apurado por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM). A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) também determinou a instauração de procedimento disciplinar para devida apuração na seara administrativa".
Já a CGD ratificou, também em nota, que "determinou a imediata instauração de processo disciplinar para apuração na seara administrativa, estando este atualmente em trâmite". A Controladoria também solicitou o afastamento preventivo dos militares à Comissão Processante.
PMs são investigados por outros crimes
Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, tanto o subtenente Adorean Xavier Melo quanto o soldado Israel Rodrigues Costa já são investigados por outros crimes.
O subtenente Adorean é investigado em um Inquérito Policial por balear um menino de 11 anos, durante uma ação policial, em Fortaleza, em janeiro de 2018. Entretanto, um exame da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) concluiu "que se trata de uma ocorrência típica de disparo de arma de fogo, sugestiva de que esses disparos tenham sido acidentais" - como alegou o militar.
Já o soldado Israel foi indiciado pela Polícia Civil do Ceará, junto de outros dois PMs, por lesão corporal cometida contra um preso, na Capital, em dezembro de 2018. O agente de segurança sustentou que a composição policial foi agredida e foi necessário o uso da força para conter e algemar o suspeito.