A candidata a vereadora do município de Santa Quitéria, a 220 quilômetros de distância de Fortaleza, Débora Costa Bezerra, e outros três suspeitos capturados na madrugada desta quarta-feira (11) tiveram a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva pela Justiça do Ceará nesta quinta-feira (12). A decisão judicial teve como base a suspeita de que ela e os outros presos estariam, supostamente, envolvidos em um plano de matar candidatos rivais ao pleito, incluindo o atual prefeito da cidade, Tomás Figueiredo. Os crimes seriam executados por membros de facção, da qual a suspeita faria parte. Eles também foram encontrados com drogas na casa da candidata.
“Foi encontrada com um dos autuados uma pistola, calibre .40, guarnecida com cinco munições intactas, a qual supostamente seria utilizada para ceifar a vida de candidatos e correligionários, eventuais opositores à presa candidata à vereança e aos candidatos adeptos da facção criminosa, o que reforça a ideia de que supostamente integrarem o Comando Vermelho”, diz o documento.
Débora Bezerra foi presa com drogas escondidas dentro da casa, na madrugada desta quarta-feira (11). Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), na casa dela, a polícia encontrou 745 gramas de maconha, 65 gramas de cocaína, 150 gramas de um pó branco usando para desdobramento da droga, dois aparelhos celulares, um notebook, uma quantia em dinheiro, apetrechos para comercialização de entorpecentes, além de uma motocicleta.
A ação que culminou com a prisão da candidata a vereadora iniciou quando agentes do Comando de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio) da Polícia Militar do Ceará (PMCE) capturaram dois homens, no bairro Botafogo, que trafegavam em uma motocicleta portando uma pistola municiada e uma pequena quantidade de cocaína.
Os suspeitos indicaram que voltavam da residência de Débora Bezerra. Uma jovem de 18 anos que estava na residência da candidata também foi presa na ação.
"O modus operandi verificado revela que, ao menos no presente momento, se tratam de jovens da mais alta periculosidade, de maneira que, sendo soltos prematuramente, podem voltar a cometer os mesmos crimes contra a sociedade, especialmente os de atentados contra candidatos, em pleno pleito eleitoral, como está sendo comum de se vê país a fora", frisa a decisão judicial.
‘Missão’
Nos autos, consta que a suspeita afirmou ter a função de ceder o imóvel para a preparação da droga para venda. Ela diz ter sido coagida por um líder da facção que ameaçou matar familiares da candidata caso ela não cumprisse a ordem.
Débora Bezerra também disse ter conhecimento que outro dos suspeitos estava incumbido de uma missão para “matar gente”.
Um dos suspeitos mencionou que a missão de um dos envolvidos era efetuar disparos na residência de Zé Mendonça, braço direito do prefeito e candidato à reeleição Tomás Figueiredo, e depois atentar contra a vida deste.
“Os fatos narrados no presente procedimento são gravíssimos e demonstram, em tese, a atuação articulada de um grupo no intento de cometer crimes de tráfico de drogas, homicídios, uso de armas de fogo e até inferência de possível organização criminosa no pleito eleitoral que ocorre neste Município”, destaca o juiz Francisco Gilmario Barros Lima, que assina a decisão.
O grupo preso foi autuado em flagrante por tráfico e associação para o tráfico de drogas. Os dois capturados na moto também vão responder por posse ilegal de arma de fogo.
O advogado da candidata, Airton Silva, informou que ainda não teve acesso ao inquérito policial e, portanto, não teria como dar "maiores esclarecimentos" sobre a participação de Débora no fato. O Partido Socialista Brasileiro (PSB), partido pelo qual Débora era candidata, afirmou em nota que repudia "toda e qualquer ação de cunho ilícito praticada durante o processo eleitoral e afirma o compromisso de lutar pelos ideais democráticos que regem a filosofia, visão, missão, valores e propósitos do partido".