Amigos de jovem morta em casa de empresário pedem por Justiça; homem se apresenta à Polícia Civil

Em página criada nas redes sociais, amigos de Alana Beatriz sustentam que ela foi assassinada, com um tiro na testa. O empresário se apresentou à delegacia, contou que o tiro foi efetuado de forma acidental e foi liberado

Amigos da estudante Alana Beatriz do Nascimento Oliveira, morta aos 25 anos, acreditam que ela foi assassinada e criaram uma campanha nas redes sociais para pedir por Justiça. O homem que estava com a jovem, um empresário do ramo de ensino de idiomas, David Brito de Farias, se apresentou à Polícia Civil do Ceará (PCCE), contou que o tiro foi efetuado de forma acidental e foi liberado, na última segunda-feira (22).

Alana Beatriz foi encontrada morta, com um tiro na testa, na residência do empresário, localizada na Rua Moacir Alencar Araripe, bairro Engenheiro Luciano Cavalcante, em Fortaleza, na tarde do último domingo (21).

Na página criada para pedir por justiça por Alana (@justicaporalana, no Instagram), os amigos defendem a tese de homicídio doloso (quando há intenção de matar).

"Ontem, mais uma mulher foi vítima de feminicídio. Alana saiu com as amigas para assistir uma live e não deu mais notícias para a família. O assassino fugiu, levou arma do crime e todas as imagens das câmeras de segurança. Uma mulher de 25 anos assassinada, por quê? Não existe porquê! Nada justifica", afirma uma publicação.

Até a publicação desta matéria, a página já tinha 10 mil seguidores. A reportagem apurou que o corpo de Alana foi velado e enterrado no Município de Aracoiaba, na manhã desta terça-feira (23).

A Polícia Civil do Ceará confirmou, em nota, que o empresário se apresentou na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), prestou depoimento e entregou uma arma de fogo, munições e o registro de propriedade do armamento, material que foi enviado para ser periciado.

"As oitivas e diligências estão em andamento. A PCCE aguarda receber os laudos de perícia do corpo da vítima, bem como o de local de crime, ambos confeccionados pela Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce). Outras informações serão repassadas em momento oportuno visando não comprometer o trabalho policial", informa a Polícia Civil.

Contra David Brito, segundo o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), há um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) em andamento no 20º Juizado Especial e Criminal, que tem como assunto "ultraje público ao pudor".

Tese da defesa

A defesa do empresário David Brito, representada pelo advogado Leandro Vasques, se posicionou por nota sobre o caso. "Ao tempo em que nos solidarizamos profundamente com a família enlutada e lamentamos o trágico acidente ocorrido no último final de semana, vimos esclarecer que todas as informações necessárias estão sendo prestadas às autoridades competentes", afirma.

Segundo a nota, o empresário se apresentou à Polícia Civil de forma voluntária e espontânea e está colaborando com as investigações. A defesa confirma que o homem e a jovem morta se conheceram na noite anterior, que transcorreu sob "absoluta harmonia sem qualquer rusga".

O empresário teria mostrado a arma de fogo para Alana, a pedido dela, quando o artefato "acabou disparando acidentalmente". "Jamais houve, em momento algum, discussão ou conflito entre os dois, mesmo porque nada justificaria qualquer ato de violência contra Alana, pois haviam se conhecido há poucas horas, sendo relevante registrar que a arma é registrada e havia sido adquirida legalmente 8 dias atrás e jamais tivera sido utilizada, razão pela qual solicitamos da autoridade policial a submissão da arma a uma detalhada perícia técnica", alega.

"Esclarecemos ainda que a arma envolvida nesse infortúnio foi apresentada à polícia, assim como o aparelho que armazenou as imagens captadas pelo circuito interno da residência, ambos intactos e sem qualquer alteração, conforme poderá atestar a perícia científica. Bem como, a pedido próprio, nosso constituinte já submeteu-se a exame toxicológico, para atestar que também não faz uso de nenhuma substância entorpecente, e também se comprometeu a entregar seu aparelho celular sem qualquer formatação", completa a nota.

Família cobra por Justiça

Segundo a mãe da vítima, Alana e o empresário tinham relacionamento havia um tempo — eles não se conheceram no dia da live. A mãe, inclusive, não queria aproximação entre os dois, pois a filha tinha dito que ele era agressivo.