Os corpos das cinco pessoas da mesma família mortas durante tentativa de assalto a bancos em Milagres, na Região do Cariri, foram velados neste sábado (8) no interior de Pernambuco. O empresário João Magalhães e o filho Vinícius foram enterrados, nesta manhã (8) em Serra Talhada, e os outros três parentes sepultados em São José de Belmonte, nesta tarde.
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Familiares e amigos acompanharam o sepultamento. O professor André da Silva, que tinha Vinícius Magalhães, de 14 anos, como aluno, afirmou que Vinícius adorava esportes e era muito aplicado em todas as disciplinas. Apesar de gostar muito de praticar esportes, o professor acredita que ele seguiria a carreira de médico ou engenheiro, já que gostava muito de estudar. “Apesar de gostar de esportes, os esportes eram só hobby, eu acho. O sonho dele mesmo era ser médico ou engenheiro, sonho de estudante mesmo”.
“Vinícius era um menino muito bom. Eu era treinador dele na categoria futsal. Ele era uma pessoa muito amiga de todos e de todos os colegas. Ele tinha um comportamento exemplar”, afirmou André.
O docente relatou também o clima que o colégio ficou quando amigos, funcionários e diretores souberam da morte de Vinícius no Ceará.
“Estávamos no colégio onde tínhamos aula de recuperação. [...] Começaram a comentar o ocorrido e tinha acontecido isso na cidade de Milagres no Ceará e que o pai dele estaria envolvido. Depois chegou a notícia que ele estava envolvido. Fato lamentável e todos tristes e chorando”, disse.
O empresário João Batista Magalhães, de 46 anos, o filho Vinícius Magalhães, de 14, a cunhada de João, Claudineide Campos, de 41, acompanhada do marido, Cícero Tenório, de 60, e do filho, Gustavo Tenório, de 13, que foram feitos reféns e mortos, foram velados neste sábado em uma funerária no Centro da cidade. O sepultamento do empresário e do filho ocorreu por volta das 10h30, no mesmo local.
Os outros três parentes foram levados para o distrito de Carmo, em São José do Belmonte, também no Sertão do Estado. Eles seguiram sendo velados no salão paroquial, sendo sepultados no cemitério da comunidade, às 16h.
Entenda o caso
O que seria uma ação de destaque da Polícia cearense se transformou no episódio já conhecido como ‘Tragédia em Milagres’. Dentre inocentes e assaltantes, morreram, na madrugada de sexta-feira (7), nesse Município do Interior do Ceará, pelo menos, 14 pessoas.
As versões da ação fatal, ocorrida com a participação direta de militares cearenses, são imprecisas. Para populares, as mortes dos reféns ocorreram devido ao despreparo da Polícia. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) não deu detalhes da ação, que segue com muitas perguntas sem respostas.
A tragédia teve início por volta das 2h30, quando uma quadrilha armada e com reféns, prestes a atacar duas agências bancárias de Milagres, cidade da Região do Cariri, foi surpreendida. Moradores do local contam que uma sequência de tiros, com duração de 20 minutos, anunciou que algo grave estava acontecendo.
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De acordo com a SSPDS, era previsto que um bando atacasse bancos naquela região. Com as informações, equipes do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), do Comando Tático Rural (Cotar), da Força Tática (FT), do Batalhão de Divisas – da PMCE – e da Delegacia de Brejo Santo da Polícia Militar se deslocaram ao local na tentativa de prevenir o crime.
No entanto, a reportagem apurou que operação foi organizada pela Coordenadoria de Inteligência (Coin), da Secretaria da Segurança, que acionou equipes do Gate e do Cotar, inclusive com a presença de um ‘sniper’ – atirador de elite da PM –, que teria sido responsável por muitos dos disparos realizados contra as pessoas que terminaram mortas.
Nenhuma das agências foi violada, mas o “preço” para evitar os ataques a elas foi alto. Para que os roubos não se consumassem, 14 morreram.
Ainda sem informações oficiais que comprovem de onde partiram os disparos contra cada um dos mortos, se sabe que dentre as vítimas há crianças e adolescentes. Dos 14 mortos confirmados pela Pasta, oito seriam integrantes da quadrilha e os demais pessoas que estavam ali pelo “acaso”. Informações obtidas na região dão conta de que seis vítimas da ação fatal eram reféns, de duas famílias distintas.