1.620 presos testaram positivo para Covid-19 no Sistema Penitenciário do Ceará

Considerando que o primeiro caso confirmado foi no início de abril de 2020, até aqui, os números indicam uma média de cinco presos infectados pelo coronavírus, a cada dia

Março de 2021 versus março de 2020. Mesmo com o espaço de quase 365 dias, o cenário da pandemia se assemelha nas vias públicas e até mesmo dentro das unidades prisionais. No Ceará, em menos de um ano 1.620 internos nestes equipamentos testaram positivo para Covid-19. Outros 783 casos foram contabilizados, sendo 587 em policiais penais e 196 nos demais colaboradores.

A primeira infecção pelo coronavírus no Sistema aconteceu em abril de 2020, na Unidade Prisional Professor José Sobreira de Amorim, em Itaitinga. Agora, de acordo com a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), "a pandemia no Sistema Prisional segue acompanhando o cenário atual de disseminação geral do Estado do Ceará, apresentando um pequeno aumento de contaminação entre internos, servidores e terceirizados".

A informação foi publicada no mais recente boletim epidemiológico da Pasta, contabilizando casos até o dia 26 de fevereiro deste ano. No documento, a Secretaria destaca que "a contaminação dos internos limita-se aos casos nas triagens de porta de entrada do Sistema". Os últimos registros de internos infectados pelo coronavírus foram no Centro de Triagem e Observação Criminológica (CTOC), com nove casos; Centro de Execução Penal e Integração Social Vasco Damasceno Weyne (Cepis), oito; Instituto Penal Feminino, um; cadeia pública de Tabuleiro do Norte, um; Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes, um; e mais um fato no Instituto Penal Professor Olavo Oliveira II (IPPOO II).

Nessa quinta-feira (4) haviam 54 internos em tratamento para quadro leve da doença, sendo 29 deles recém-chegados da Delegacia de Capturas e Polinter (Decap), localizada no Centro de Fortaleza. A SAP afirma que todos os internos ao entrarem no sistema prisional são submetidos a testagem. Em quase 350 dias foram realizados pelo menos 17 mil testes entre internos e servidores.

Desde o início da pandemia, cinco internos, dois policiais penais e um colaborador da SAP morreram em decorrência da Covid. A última morte dentre os internos aconteceu já neste ano, em 18 de janeiro de 2021. Já o último óbito de policial penal foi em 9 de setembro de 2020. 91,8% dos presos são considerados como recuperados da doença.

"A SAP aproveita para esclarecer que ainda permanece com sua estrutura de Enfermaria Máxima de Saúde para isolar e tratar da forma mais adequada os internos que tenham sintomas ou apresentem resultado positivo para o novo coronavírus", disse a Pasta.

Protocolos

A diretoria do Sindicato dos Policiais Penais do Estado do Ceará (Sindppen-Ce) afirma estar preocupada com o relaxamento do cumprimento aos protocolos de vigilância sanitária. Eles se preparam para forçar a campanha de prevenção: "Eu me protejo, eu te projeto".

Segundo a presidente Joélia Silveira, hoje, um dos maiores problemas enfrentados dentro das unidades prisionais é a superlotação, que compromete as chances de dezenas de presos não se infectarem, caso um deles seja acometido pelo vírus.

"Nós tivemos informações que muitos policiais penais estão se reinfectando. Temos visto que hoje há máscaras suficientes, há álcool em gel suficiente. Não falta material, mas tem relaxamento por parte do próprio profissional em às vezes descumprir algumas medidas, como não utilizar a máscara da forma correta. Precisa haver cuidado de todos. O Sistema está completamente lotado e isso facilita na proliferação do vírus. Pedimos ainda que os policiais penais sejam vacinados logo. Atualmente, a previsão é de serem imunizados apenas na 4ª fase", destacou Joélia.

Visitas suspensas

Desde o dia 20 de fevereiro de 2021, a Secretaria suspendeu as visitas sociais aos internos nas unidades prisionais. Nessa quinta-feira (4), após o governador do Ceará divulgar decreto determinado 'lockdown' em Fortaleza, a SAP emitiu comunicado dizendo que pontuando que "as visitas social e a entrega de malotes ficarão suspensas enquanto durar o decreto que estabelece o isolamento social rígido".

A medida vale para todas as unidades prisionais do Estado e "tem o objetivo de preservar a saúde dos familiares, internos e servidores públicos que atuam nestes estabelecimentos".