Programa incentiva cultivo de palma forrageira no CE

A planta aparece como uma saída eficaz para alimentar animais nos períodos de grande estiagem no Estado

Canindé O Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ematerce), está desenvolvendo um programa de revitalização da palma forrageira, como saída para combater a estiagem no sertão cearense. Para isso, lançou recentemente, em Madalena, o Programa Estadual de Produção da Palma Forrageira.


Agricultores fizeram manuseio com a palma em dia de campo, realizado no município de Madalena. A ideia é fazer os produtores entenderem que a planta é mais uma alternativa para enfrentar a estiagem fotos: Antônio Carlos Aves

Na ocasião, um dia de campo foi realizado, em que foram apresentadas quatro estações expositivas, nas quais os agricultores e visitantes receberam orientações sobre o cultivo da palma, dicas sobre os tratos culturais da planta, palma na alimentação animal e, também, na alimentação humana.

Foram entregues, ainda, certificados do Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem) para seis produtores de mudas de palma, residentes no município, concedido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O maior produtor de palma de Madalena, Antônio Eurivando Rodrigues Vieira, ressaltou que, apesar da seca, foi com a palma forrageira que ele conseguiu alimentar o rebanho, o que contribuiu para que ele aumentasse a produção de leite. Ele tem 14 hectares da planta e vende mudas para várias regiões do Ceará. Recentemente, foram negociadas 15 mil mudas para a Associação do Fogarreiro, em Quixeramobim.

A plantação de um hectare de palma forrageira mantém alimentadas até 16 cabeças de gado bovino e até 120 cabeças de ovino e caprino por seis meses.

De acordo com o coordenador de pecuária da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Márcio Peixoto, o Estado do Ceará vai distribuir 4,2 milhões de raquetes de palma forrageira, por meio do programa Hora de Plantar 2013. Deste total, 1,2 milhão já estão sendo distribuídas. A distribuição será feita pelos escritórios da Ematerce.

"O nosso grande objetivo é sensibilizar os produtores da importância do plantio da palma forrageira na alimentação animal. Nesse período, a única coisa verde hoje no campo é a palma", observa Márcio Peixoto.

Para o coordenador de Desenvolvimento da Agricultura Familiar, Itamar Lemos, o cultivo de palma forrageira no Ceará representa mais uma alternativa de convivência com o semiárido. "Os produtores interessados em adquirir as raquetes devem procurar a Ematerce e o Instituto Agropolos. Vamos investir em todo o Estado, principalmente nas regiões com maior potencial agropecuário", comentou.

Segundo ele, se cada agricultor receber 10 mil raquetes a preço de R$ 0,12 a unidade, em um hectare plantado, no segundo ano de produção, ele irá pagar R$ 120,00 em uma Agência dos Correios de sua cidade. "Nossa intenção é fortalecer essa cadeia produtiva tão importante para a vida do homem do campo", salientou ele.

Na ocasião, o Banco do Nordeste liberou para Madalena R$ 12 mil do crédito emergencial para o combate à estiagem e os beneficiados vão investir na produção de palma forrageira.

Para o prefeito do município, Wilson de Pinho, que desde 1943 acompanhou seu pai plantando palma, a produção dessa forrageira é uma solução inteligente para a alimentação do rebanho. "A novidade é que poderemos usar os produtos da palma forrageira na alimentação humana para prevenir doenças como o diabetes e o colesterol alto. Foi um investimento da Prefeitura que apresentou bons resultados", afirmou.

"No Nordeste seco, quem tem palma sofre, e que não tem palma sofre também. Agora, com essa posição do Governo do Estado, com certeza, as coisas irão melhorar para o homem do campo", acredita o prefeito.

O presidente da Ematerce, José Maria Pimenta, também reconheceu a produção de palma forrageira como uma alternativa eficiente para a convivência com o semiárido. "Além da produção de ração animal, a palma forrageira pode ajudar os nossos agricultores familiares a ampliarem os seus negócios com a venda do produto para outras cidades e outros estados", disse.

O secretário adjunto do Desenvolvimento Agrário, Antônio Amorim, destacou que a produção de palma forrageira no Ceará é uma atividade bastante rentável. Em cada hectare plantado, é possível se conseguir uma produção de até 90 toneladas de palma forrageira.

O secretário Nelson Martins lembrou que um dos principais objetivos do Programa Estadual de Palma Forrageira é, além de oferecer uma alternativa para a alimentação animal, permitir a geração de riqueza, com a comercialização do produto. "A SDA vai incentivar a disseminação da palma forrageira por meio de outros programas do Estado e já temos convênio assinado com a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) para implantar 100 hectares de palma forrageira em todo o Estado", disse.

"A palma forrageira tem grande importância para os rebanhos, por fornecer um alimento verde e suculento em épocas secas do ano. A palma possui características que permitem a sobrevivência no semiárido, elevando a produtividade e qualidade alimentar dos rebanhos cearenses", explica Nelson Martins.

O bom rendimento dessa cultura está climaticamente relacionado a uma temperatura de 25 graus durante o dia e 15 graus durante a noite, com precipitações pluviométricas de 400 a 800 milímetros anuais e umidade relativa do ar de 40%, porém, suporta as temperaturas altas dos sertões.

Na visão do diretor técnico da Ematerce, Walmir Severo, plantar palma será a grande saída, porque é hora de aproveitar, pois o criador está passando por grandes dificuldades, mantendo com um custo muito elevado seu rebanho, com alimentação escassa, e mostrar que, quem plantou palma e fez o manejo correto, colhe hoje 40 toneladas por hectare, o que dá para manter 20 bovinos durante os seis meses no período crítico com um baixo custo. "A palma é um alimento de grande valor nutritivo", concluiu Walmir Severo.

Planta é usada na alimentação humana

Canindé.
Você já imaginou chegar em um restaurante ou lanchonete de sua cidade e encontrar cardápios variados feitos à base de palma. Não, pois isso já é possível no Estado do Ceará. Iraci Loiola de Sousa Amorim é instrutora da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) e prepara pratos deliciosos feitos com a leguminosa, que tem tudo para revolucionar a culinária cearense.

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Iraci Loiola de Sousa Amorim prepara e ensina a fazer alimentos feitos com a palma forrageira

Arroz com palma, bolo com palma, sanduíche com palma, salgado de palma e macaxeira, torta de palma, suco de palma com hortelã, palma com abacaxi, suco de palma puro, palma com energético são alguns dos cardápios culinários que dona Iraci Amorim prepara para mostrar o quanto esse produto tem importância na vida do homem do campo.

"Meu grande sonho é montar no Estado do Ceará um restaurante a base desses produtos, mas, enquanto isso não acontece, vou ensinando aos jovens e adolescentes do Ceará as vantagens que tem a palma na alimentação humana", ressalta a instrutora, que tem uma Lanchonete em Tauá, sua terra natal. O secretário da SDA, Nelson Martins, aproveitou sua visita ao dia de campo, em Madalena, para tomar o suco de palma e elogiou. "É muito bom. Espero que essa cultura possa se expandir para todo o Estado, porque, além de estarmos contribuindo para salvar os animais que sofrem sempre com grandes estiagens, iremos também colocar no mercado nossas opções comestíveis para o povo cearense´´, comentou.

Cartilha

O sub-secretário da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Antônio Amorim, lembrou uma cartilha foi produzida pela SDA, que traz dicas para aproveitamento de palma forrageira na alimentação humana.

"A grande finalidade agora é encontrar meios importantes para o aproveitamento dessa cultura. Com a implantação do programa da palma forrageira, certamente, as oficinas irão estar presentes em outros municípios e, com isso, melhorando a qualidade de vida de cada cidadão ou cidadã do sertão. As opções são ótimas e o gosto dos produtos nem se fala", ressaltou Amorim.

ANTÔNIO CARLOS ALVES
COLABORADOR