A cidade de Umirim vai inaugurar, no próximo dia 13 de novembro, um museu dedicado à aviação e em homenagem ao capitão Anderson Amaro Fernandes, piloto cearense do Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), conhecida como Esquadrilha da Fumaça, que faleceu durante uma apresentação em 2010, em Santa Catarina.
De acordo com o secretário de Cultura de Umirim, Anderson Barroso, além da homenagem ao piloto, o município resolveu valorizar a profissão de aviador. “Isso vai tanto pelo filho da terra, que fez parte da Esquadrilha da Fumaça, como pela profissão, que é uma arte”, justifica.
O equipamento ficará vizinho à Praça do Aviador, que já homenageia o piloto, inaugurada há dois anos, onde está erguida uma réplica da aeronave que ele conduzia.
No museu, a Secretaria de Cultura projeta exposições, vídeos e fotos do desenvolvimento da aviação. “Vamos conversar com a Secretaria de Educação para integrar as escolas ao projeto. Tudo isso será articulado”, projeta Barroso.
A família do capitão Anderson soube da iniciativa, mas admite que ainda não tem mais detalhes. Contudo, prontificou-se a colaborar com o acervo do equipamento. “É uma homenagem merecida e bem aceita pela gente e a população. De qualquer forma, ele carregou o nome do Ceará, de Umirim, para a Esquadrilha da Fumaça”, reforça seu pai, Luciano Fernandes.
Ligação com Umirim
Apesar de ter nascido em Crateús, o capitão Anderson Amaro viveu toda sua infância em Umirim, onde ainda possui familiares. Inclusive, sua Certidão de Nascimento registra-o como umiriense. “Lá, está toda sua brincadeira de bola, os amigos de infância. É uma homenagem justa, porque é praticamente filho da terra”, acredita seu pai, Luciano Fernandes.
Foi em Umirim que Anderson criou gosto pelo futebol. O local onde hoje é a Praça do Aviador, inclusive, era um campinho onde chegou a praticar o esporte. Foi nos primeiros passos com a bola que o levou a jogar no Sumov Atlético Clube, um dos principais times de futsal do Ceará. “Ele deixou de jogar para fazer os exames [Exército e Aeronáutica]”, confessou o pai.
O acidente
A Esquadrilha da Fumaça realizava uma apresentação, no dia 2 de abril de 2010, numa Sexta-feira Santa, no município de Lages (SC), em comemoração aos 68 anos do seu Aeroclube. Porém, às 17h30, durante uma manobra, a aeronave T-27, conduzida por Anderson, bateu no solo, próxima a pista do Aeroporto Federal de Lages. O piloto morreu na hora.
Seu corpo foi velado inicialmente em Pirassununga, no interior de São Paulo, onde o piloto morava com a mulher e a filha, em seguida foi levado para a Base Aérea de Fortaleza, onde aconteceu a missa de corpo presente. Ainda na capital cearense, ele foi enterrado.
“Ele sempre teve gosto pela aviação. Aos oito anos, levava ele no aeroporto no passeio da tarde, onde observava os aviões. Ele chegou a fazer os exames para o Exército e Aeronáutica. Passou nos dois, mas decidiu servir a Aeronáutica, que ele adorava”, lembra o pai.
Anderson estava há quatro anos no grupo e era o mais experiente do esquadrão, com 180 apresentações. Na época, técnicos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), parte da Força Aérea Brasileira (FAB), estiveram no local para investigar as causas do acidente.
De acordo com a FAB, a investigação já foi concluída e a Cenipa emitiu o relatório final em 8 de março de 2012. Porém, por se tratar de uma aeronave militar, o documento não é divulgado ao público.
Ainda em 2010, sete meses após o acidente, o grupo voltou a Lages para terminar a apresentação interrompida pela morte do colega. Em homenagem ao piloto, o hangar do aeroclube passou a se chamar Anderson Amaro Fernandes.