“Não há motivo para preocupação”, diz técnico da Defesa Civil do Ceará sobre barragem, em Ubajara

Município enfrentou situação semelhante em 2019. Entidades municipais, estaduais e federais acompanham o caso

A notícia sobre o arrombamento parcial de uma parede auxiliar do açude de Granjeiro, em Ubajara, deixou comunidades no entorno do Rio Jaburu, abastecido pela represa, em estado de alerta. A principal preocupação é sobre o nível da água do rio, que aumentou após o rompimento, e atingiu passagens molhadas e plantações da região. 

De acordo com Wilton Maranhão, técnico da defesa civil estadual, não há motivo para preocupação. “A água do Rio Jaburu vai pegar o seu curso normal. Ela vai entrar em algumas regiões porque é o leito natural do rio. Os riscos existentes são como toda obra desse porte mas isso está sendo acompanhado pelo município." explica.

Apesar de nenhuma casa da comunidade ter sido atingida pelas águas, alguns moradores perderam materiais de trabalho. Motores utilizados para bombear água foram atingidos pela enchente. É o que explica a aposentada Helena Maria de Sousa, 76. “Pegou naqueles que estavam na beira de rio. Quando amanheceu o dia a água já tinha invadido e os agricultores tiveram prejuízo.” 

A situação afetou ainda as águas da Cachoeira do Balneário do Boi Morto, também localizada em Ubajara. Após a cheia, a queda d'água ficou com cor de lama. A barragem de Granjeiro abastece o volume do balneário, que é um dos pontos turísticos mais procurados da região.

O reservatório do açude em Granjeiro, de administração particular, estava sob reparos para evitar a desativação da represa. Uma estrutura auxiliar para barrar a água, chamada de ensecadeira, foi construída para que a manutenção da parede fosse continuada. Na última terça-feira (28), a Defesa Civil do Estado esteve no local para inspecionar a obra. “O papel da ensecadeira foi reter o volume de água enquanto era feito o trabalho de inspeção e injeção de cimento”, explica Maranhão.

Barragem está sob monitoramento federal
A Agência Nacional de Águas (ANA), órgão responsável pela gestão de recursos hídricos do Brasil, informou, através de nota, que as investigações sobre a barragem Granjeiro, de gerenciamento privado, constataram que o empreendedor responsável tem realizado intervenções sem projeto adequado e sem acompanhamento especializado.

Ainda de acordo com a ANA, a Justiça Federal determinou que o proprietário do reservatório Granjeiro realizasse as obras para segurança e redução do risco de rompimento do empreendimento, que continua sendo monitorando. No ano passado, o açude Granjeiro apresentou sério risco de arrombamento. Mais de 250 famílias que viviam no entorno da represa foram realocadas pela Prefeitura de Ubajara. Na tentativa de prevenir a cheia, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Ceará (Cedec) colocou 12 mil sacos de areia e abriu 60 metros do sangradouro.