Macaco provoca transtornos

Animal foi preso pela polícia do Crato, após botar fogo numa casa e destruir móveis, roupas e documentos, em Exu (PE)

Crato. Um macaco-prego foi preso pela polícia e conduzido para a sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Crato, acusado de “terrorismo”. O macaco botou fogo numa casa, destruiu móveis, roupas, documentos e uma Bíblia de um pastor protestante.

O “terrorismo” praticado pelo animal ocorreu no último fim de semana, na cidade de Exu, Pernambuco, onde o animal praticou todo tipo de desordens, deixando a população apavorada. Diante dos absurdos praticados, a população de Exu o apelidou de Bin Laden, nome do líder da organização religiosa “Al Qaeda”, acusado dos atentados às Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova Iorque, e à sede do Pentágono, em Washington.

Uma das vitimas dos atos do macaco foi o pastor evangélico, Dário Gomes de Araújo, que, ao voltar para casa, encontrou tudo revirado. A principio, ele suspeitou de ladrões. Chamou a polícia, que afastou a hipótese de roubo, uma vez que não tinha nenhum sinal de arrombamento. No decorrer das investigações, a polícia identificou pegadas de um animal. Mais tarde, o macaco foi flagrado, com uma caixa de fósforos, ateando fogo noutra casa.

A população de Exu, terra de Luiz Gonzaga, foi mobilizada para capturar os macacos que teriam vindo da serra do Araripe. Um deles foi preso e levado para a Delegacia de Polícia, onde passou o final de semana por trás das grades. Na segunda-feira, o macaco foi conduzido pelo delegado de Exu, Romildo Jonas, para a sede do Ibama do Crato.

Inquérito

O chefe do escritório, Eraldo Oliveira, informou que o animal vai passar por uma quarentena, 40 dias de adaptação, sob os cuidados de um veterinário e um biólogo. Dependendo do seu comportamento nesse período, o animal será solto na floresta ou entregue a uma entidade conservacionista da região.

Ontem foi instaurado inquérito para saber a procedência do macaco. A polícia já tem o nome de um suspeito que estaria criando ilegalmente o animal em sua casa, no município de Exu. A criação ilegal de animais silvestres em cativeiro é crime e fere a Lei de Crimes Ambientais, que prevê no artigo 29 uma pena de detenção entre seis meses e um ano, além do pagamento de multa.

Se o agente criminoso utilizar meios cruéis para domesticar o animal, ele também poderá ser enquadrado no artigo 32, que prevê uma segunda pena que vai de três meses a um ano de detenção com pagamento de multa. A legislação ainda pode ser aplicada de maneira mais rígida, no caso em que for comprovada a intenção de o criminoso obter vantagens com a venda dos animais.

Desordeiro

Macaco-prego é também chamado de “capuchinho”, pela semelhança de sua pelagem com o capuz dos monges. É um animal muito hábil, que consegue abrir frutas de casca dura. Para essa atividade ele usa pedras e pedaços de pau.

O macaco-prego é facilmente ensinado. Adapta-se ao cativeiro, mas como é muito ativo, freqüentemente cria problemas. O macaco-prego é um animal irrequieto e barulhento, merecedor também dos adjetivos desordeiro e despudorado. A sua cabeça, encimada por uma densa pelagem negra ou marrom-escura, semelhante a um gorro, torna seu aspecto inconfundível. Nas matas e florestas da América do Sul, vive em bandos, cujo território pode invadir o de outros macacos. Passa a maior parte do tempo nas árvores, onde dorme e também consegue alimento.

SAIBA MAIS

Bando

Nas matas e florestas da América do Sul, o macaco-prego vive em bandos. O animal passa a maior parte do tempo nas árvores, onde dorme e consegue alimento. Só desce para beber água ou atacar plantações na orla da floresta. O bando de macacos desloca-se continuamente, pulando de galho em galho. A cauda dele não é preênsil. Ele identifica os companheiros pelo cheiro, mas também usa outros sentidos.

Extinção

Apesar de ser o macaco mais comum nas matas do país, uma de suas subespécies encontra-se seriamente ameaçada de extinção. Trata-se do macaco-prego-do-peito-amarelo, que se distingue das demais subespécies pela coloração amarelada do peito e da parte anterior dos braços.

ANTÔNIO VICELMO
Repórter


Mais informações:

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente Recursos Naturais (Ibama) no Crato
Pça Joaquim Fernandes Teles, 10
Fone: (88) 3521.1529 e 3501.1702

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