O interior cearense segue a tendência da Região Metropolitana de Fortaleza de queda no número de diagnósticos positivos de Covid-19 e de óbitos pela doença. O tempo médio de internamento hospitalar também vem caindo em todas as macrorregiões de Saúde. A maior taxa é observada no Sertão Central, que registrou oscilação negativa de 9,5 dias em maio passado para 4,7 dias em agosto último.
Os gestores observam que os indicadores de taxa de ocupação de leitos e permanência hospitalar são muito variáveis, mas desde a segunda quinzena de agosto passado há uma tendência contínua de queda nos índices.
Acerca da permanência hospitalar, os três hospitais regionais – Sertão Central, Região Norte e Cariri - registram maiores taxas no trimestre – maio a julho, passado. Os indicadores oscilaram no período entre 8,9 dias a 13,9 dias. Atualmente varia entre 4,7 dias 6,4 dias.
O médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ivo Castelo Branco, avalia que a melhoria no quadro se deve a uma melhor condução dos pacientes. “O tratamento, a condução, as manobras dos pacientes melhoraram, apesar de não existir medicamento para a doença, ampliamos leitos, os pacientes não chegam aos hospitais em situação tão ruim para serem entubados”, analisou.
“Apesar dos indicadores favoráveis, poderemos ter um repique por causa do relaxamento no feriadão da Pátria”.
Cariri
Juazeiro do Norte, cidade polo da macrorregião do Cariri, que abrange 45 municípios e uma população estimada de 1,5 milhão de habitantes, ocupa a segunda posição, após Fortaleza, de casos de Covid-19. De acordo com o IntegraSus, portal da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), a cidade registrou, na manhã desta sexta-feira (18), 14.884 casos confirmados da doença e 274 óbitos.
Em relação ao número de vítimas da doença, Juazeiro do Norte ocupa a quarta posição no Estado, atrás de Fortaleza (3836), Caucaia (342) e Sobral (309).
A diretora de Vigilância Epidemiológica do Município, Evanúsia de Lima, observou que em julho passado foram registrados 7666 casos de Covid-19 e em agosto último, foram 3779. “O pico foi em julho, mas já superamos o período crítico e estamos em queda”, pontuou. “A média móvel diária era de 75 casos e de óbitos seis, há 14 dias, mas agora caiu para 24 diagnósticos positivos e três óbitos”.
Na macrorregião do Cariri, a ocupação de leitos de UTI chegou a 81,3%, a maior taxa observada entre maio e setembro. Atualmente está em 69%. Em agosto passado, foi de 70,5%.
Macrorregiões
Dentre as quatro macrorregiões de Saúde do Interior, o Sertão Central teve a maior taxa média de ocupação de leitos de UTI, em junho passado, 95%, mas agora está em 86,9%. A macrorregião de Sobral em junho último chegou a 91,7% e atualmente está em 42%, o menor índice do período no interior cearense.
A diretora geral do Hospital Regional do Cariri, unidade de referência para a macrorregião, Demostênia Coelho, pontuou que a tendência é de redução de casos, óbitos e de taxa de ocupação hospitalar. “Os indicadores oscilam muito, mas há uma queda permanente verificada desde a segunda quinzena de agosto passado”, disse.
“Não podemos relaxar e precisamos manter as medidas preventivas com todo esforço”.
O professor Ivo Castelo Branco mostrou indignação com as mortes diárias em média no Brasil. “Há quem ainda diga que só estão morrendo 800 pessoas por dia. Só? Isso representa quatro aviões todo dia, caindo e todos morrendo”.
Retomada
Para o médico Álvaro Pulchinelli, diretor científico da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), há sim o risco de uma retomada de casos da Covid-19. “Há situações muito diversas no País e essa redução de casos decorre de uma observação empírica atual, mas devemos esperar um pouco mais para ver se essa tendência se mantém”, analisou.
“É prematuro afirmar que a redução da doença será constante”.
O pesquisador da Fiocruz no Ceará e professor da Faculdade de Medicina da UFC, em Sobral, Odorico Andrade, também atribui ao manejo dos pacientes, os conhecimentos que foram sendo adquiridos no decorrer do processo de atendimento dos casos graves a redução de óbitos.
Para a queda de casos, as medidas de isolamento, distanciamento, a higienização das mãos e o uso de álcool são fatores importantes. “Estamos observando queda nos dados estatísticos, mas ainda não dá para sermos tão otimistas e precisamos de decisões acertadas para continuarmos nessa curva decrescente”.