O rio Jaguaribe, o maior e um dos mais importantes do Ceará, que recebe águas da transposição do rio São Francisco, sofre degradação contínua. Em pelo menos um trecho de 20 hectares, uma ação pioneira de reflorestamento da mata ciliar em Iguatu e Quixelô, na região Centro-Sul do Ceará, já deveria estar concluída, mas sequer saiu do papel.
A ação foi anunciada pela Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) e pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) em 2017 e a mais recente previsão para a execução do projeto Cílios do Jaguaribe ficou para este segundo semestre. Até agora, entretanto, não há indicação de que o serviço seja iniciado, faltando pouco mais de dois meses para o fim de 2021.
Perdemos mais um ano e, particularmente, não acredito mais em nenhum prazo anunciado pela Chesf. Considero tudo isso muito lamentável”
De acordo com Alcântara, as providências sob responsabilidade da SRH já foram todas adotadas. “A nossa parte já fizemos e agora só nos resta cobrar definições da Chesf”.
Desde 2019 que se aguarda a conclusão da fase executiva do projeto: definição de cronograma, orçamento e especificações técnicas. O Cílios do Jaguaribe é uma iniciativa entre a SRH, a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e a Chesf. O orçamento inicial estimado era de R$ 1,5 milhão.
Resgate de áreas degradadas
Em agosto de 2017, Aderilo Alcântara fez o anúncio do projeto e explicou que a ideia surgiu com o objetivo de “aplicar recursos de um passivo ambiental da Chesf por realização de obra de implantação de um linhão no Ceará”.
O projeto pioneiro prevê resgatar uma das áreas mais degradadas do rio Jaguaribe, no entorno de Iguatu, que tem mata ciliar destruída e sofre agressão diária com despejo de esgoto da cidade, descarte de lixo e resto de construção civil.
As áreas de reflorestamento já foram definidas. São 20 hectares no entorno de Iguatu, em área pertencente à Prefeitura e ao Instituto Federal de Educação (IFCE); e 12 hectares em Quixelô, na confluência do riacho Faé com o rio Jaguaribe. Totalizando 32 ha.
O rio Jaguaribe é o maior curso de água do Ceará, com 630 km de extensão. Em vários pontos, apresenta degradação – perda da mata ciliar, queda de barreiras, avanço em terras agricultáveis e recebe dejetos de cidades e vilas rurais por falta de serviço de rede coletora e de tratamento de esgoto.
Sem resposta há um mês
O Diário do Nordeste solicitou há um mês à Chesf, por meio da Assessoria de Imprensa, esclarecimentos sobre o andamento do projeto, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.
No ano passado, a Chesf, por meio de nota, esclareceu que o atraso na implantação do projeto decorria da “dificuldade usual que existe num processo que visa atender todos os requisitos exigidos e obter a aprovação de todos os envolvidos” e a Companhia previu que até o final do primeiro semestre de 2021 o trabalho de campo seria iniciado.