Cidade de Icó ganha 'Casa do Patrimônio'

Unidade foi implantada no último dia 17, quando se comemorou no País o Dia Nacional do Patrimônio Cultural

Escrito por
Honório Barbosa - Colaborador producaodiario@svm.com.br

Icó. Esta cidade, localizada na região Centro-Sul do Estado, é uma das mais antigas do Ceará. Preserva um conjunto de casario do século XVIII e tem um centro histórico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Recentemente, mais um passo foi dado para proteger os imóveis e manter viva a memória da Ribeira dos Icós: a instalação da Casa do Patrimônio.

A unidade foi implantada no último dia 17, quando no Brasil comemora-se o Dia Nacional do Patrimônio Cultural. Nesta cidade, houve uma intensa programação cultural. A Casa é um espaço pedagógico em educação patrimonial entregue pelo Iphan, em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Cultura e Turismo e a Universidade Federal do Cariri (UFCA), além de instituições da sociedade civil.

A programação incluiu debates voltados para a valorização da cultura local e foi iniciada no Teatro Municipal da Ribeira dos Icós, espaço cênico mais antigo do Ceará e tombado pelo Iphan e pelo Governo do Estado. Instalada na Casa de Cultura Mariinha Graça, um sobrado que foi restaurado pelo Iphan, cujas obras demoraram cerca de dois anos, a Casa do Patrimônio vai permitir divulgação, promoção e circulação de atividades que visam valorizar o patrimônio local.

Além dessa unidade, a cidade dispõe do Teatro Municipal da Ribeira dos Icós, do Centro de Arte e Cultura Prefeito Aldo Marcozzi Monteiro - antiga Casa de Câmara e Cadeia; do Sobrado do Canela Preta e de igrejas tricentenárias.

Oficinas de dança e teatro, exposição de artesanato, fotografias, desenhos e pinturas, e apresentações artísticas, com o início do projeto "Quinta da Cacimba", no térreo da Casa de Cultura de Icó, integraram a programação da Semana Municipal do Patrimônio Cultural.

A Casa do Patrimônio de Icó é fruto de um acordo de cooperação técnica, firmado este ano, que reúne uma rede de instituições parceiras, e agora tem uma sede própria, no Sobrado Mariinha Graça, restaurado pelo Iphan em 2016 e onde funcionam o Escritório Técnico do Iphan e a Secretaria de Cultura do Município de Icó.

Durante as obras de restauro, foram realizadas duas oficinas com a comunidade local, em 2013 e 2015, com o objetivo de constituir a rede de instituições parceiras em torno do projeto da Casa do Patrimônio. As Casas do Patrimônio constituem-se de um projeto pedagógico, com ações de educação patrimonial e de capacitação que visam fomentar e favorecer a construção do conhecimento e a participação social para o aperfeiçoamento da gestão, proteção, salvaguarda, valorização e usufruto do patrimônio cultural. Fundamentam-se, ainda, na necessidade de estabelecer novas formas de relacionamento entre o Iphan, a sociedade e os poderes públicos locais.

Destaque

A secretária de Desenvolvimento Econômico, Cultura e Turismo do Município de Icó, Ana Glessy Oliveira, destacou a importância de funcionamento da Casa do Patrimônio. "Instalar mais um equipamento que manterá parceria para o desenvolvimento cultural em Icó, para nós não é apenas um avanço, mas a certeza que nosso município se destaca da melhor forma no cenário estadual e nacional do Patrimônio Histórico e Artístico", destacou.

O superintendente do Iphan, Otacílio Macedo, ressaltou a beleza que tem a cidade de Icó. "São belos e históricos sobrados, casarões e igrejas tricentenárias". No início da década passada, o centro histórico desta cidade foi contemplado com o Programa Monumenta, do Ministério da Cultura, que restaurou imóveis públicos, no Largo do Thebérge. Aparentemente, os prédios estão preservados, mas 13 anos depois, o interior revela deterioração. Serviços não foram implantados. Muitas das ideias ficaram no papel.

O Programa Monumenta começou em Icó em fevereiro de 2003. A seleção da cidade ocorreu dois anos antes, em 2001. Os recursos foram do Ministério da Cultura com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento. As obras de restauração foram feitas no Teatro da Ribeira dos Icós, na antiga Casa de Câmara e Cadeia, no Sobrado do Canela Preta e na praça que forma o Largo do Thebérge.

Centro histórico

Alguns serviços avançaram e outros retardaram. Houve paralisação por três anos entre 2004 e 2007. Esta foi uma das primeiras cidades a serem contempladas no Brasil com o Programa Monumenta, por apresentar um centro histórico importante - um casario com seus sobrados seculares. O sítio histórico foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1997.

Com recursos próprios do Ministério da Cultura, houve intervenção nas Igrejas de Nossa Senhora da Expectação, do Rosário e do Monte. Na época, criou-se uma expectativa de que esta cidade histórica, que tem um sítio tombado pelo e um centro urbano que conserva imóveis do século XVIII seria um atrativo turístico regional. Mais de uma década depois, não se observa presença de visitantes no cotidiano da cidade.

"Era para ser um centro turístico da região, pois há muito que se ver e contar sobre a história de formação do Ceará, nos aspectos econômicos e políticos", observou o advogado, então secretário de Cultura do município, na época de implantação do projeto Monumenta, Getúlio Oliveira. "A concepção original dos projetos não acontece como se esperava e praticamente limitou-se às obras de restauração".