Ceará tem maior área em situação de seca desde dezembro de 2019

Os dados são do Monitor da Seca que aponta variação entre as regiões e um avanço do fenômeno no Sertão Central e no extremo sul cearense. A área total de estiagem passou de 83,17% para 90,82%.

A ocorrência de chuvas abaixo da média no trimestre – novembro e dezembro de 2020 e janeiro de 2021 fez com que o quadro de estiagem avançasse sobre o território cearense em direção ao litoral e se agravasse na área central e também no extremo sul cearense. A área total com seca subiu de 83,17% para 90,82% entre dezembro e janeiro. Esta é a maior área com o fenômeno no estado desde dezembro de 2019 quando atingiu uma cobertura de 92,05%.

Os dados são do Monitor de Secas. Permanecem os impactos de curto e longo prazos na porção central do estado e de curto prazo nas demais áreas. No Estado, a categoria é de seca moderada em 29,19% do território. Em fevereiro de 2020, 57,97% do território enfrentavam o fenômeno em escala moderada.

O levantamento do Monitor da Seca revela que em termos de severidade do fenômeno, 12 estados tiveram o agravamento entre dezembro e janeiro passados: Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

Já em outras quatro unidades da Federação, o grau de severidade da seca se manteve: Bahia, Distrito Federal, Maranhão e Rio de Janeiro. Houve redução em Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Chuvas abaixo da média e aumento das temperaturas em janeiro

No Nordeste, devido às chuvas abaixo da média e ao aumento das temperaturas em janeiro, houve leve piora na condição de seca, marcada pelo aumento das áreas com seca fraca e/ou moderada em parte do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Bahia.

A ferramenta de monitoramento faz um acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores do fenômeno e nos impactos causados em curto e/ou longo prazo.

Os impactos de curto prazo são para déficits de precipitações recentes até seis meses. Acima desse período, os impactos são de longo prazo. Os dados apresentados pela ferramenta podem ser usados para auxiliar a execução de políticas públicas de convivência com o fenômeno.

O vice-presidente da Associação dos Municípios do Ceará (Aprece), Zé Hélder, pontuou que “as chuvas permanecem irregulares e localizadas, beneficiando determinadas regiões e municípios, mas deixando outras áreas com baixos índices pluviométricos”.

Fevereiro é o primeiro mês da quadra chuvosa que vai até maio – no Ceará - e de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), até quarta-feira (24) haviam sido observados 102.2mm. A média para o mês de fevereiro é de 118.6mm, ou seja, havia um déficit de 13.9%.

O presidente do Sindicato Rural de Quixeramobim, Cirilo Vidal, mostrou preocupação com o quadro de estiagem no Sertão Central.

“As chuvas estão fracas, a seca avança, falta água para os animais e a pastagem no campo está seca. Nessa região, o inverno ainda não começou”, disse Cirilo Vidal.

O Monitor de Secas é coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com o apoio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). A ferramenta está em operação desde 2014.

Prognóstico de chuva

A Funceme atualizou no último dia 22, o prognóstico de chuva para o trimestre – março, abril e maio – próximo. O Ceará tem 50% de probabilidade de chuvas abaixo da média, 40% em torno da normalidade e ainda 10% de chances do acumulado total ser acima da média histórica.