Ceará apresenta todo seu território em situação de seca, em fevereiro, aponta Monitor

Os dados foram divulgados na tarde desta terça-feira (23) pela Agência Nacional de Águas (ANA) e revela que houve piora no quadro no primeiro mês da quadra chuvosa em relação a janeiro último

O Ceará e mais cinco estados nordestinos registraram quadro de seca em 100% de seus territórios em fevereiro de 2021. Essa situação não ocorria desde novembro de 2018. O levantamento é do Monitor de Seca. O fenômeno climático avançou em áreas da Bahia e Ceará, ficou estável no Piauí e recuou somente no Maranhão.

O dado é o mais recente divulgado pela ANA e obtido por meio da plataforma de pesquisa Monitor de Secas. Em janeiro passado, a área total foi de 90,8% no território cearense e com piora no mês seguinte, que chegou a 100%.

Nos últimos dois meses, houve uma expansão das áreas com seca moderada (de 29,1% para 34,2%) e fraca (de 61,6% para 65,7%). Esta é a maior extensão de seca moderada no Ceará desde fevereiro de 2020, quando 57,7% do território cearense enfrentou esse grau de severidade.

A última atualização do Monitor de Secas aponta que no Nordeste houve uma piora na condição de seca em fevereiro, marcada pelo aumento das áreas com seca fraca e/ou moderada em parte do Ceará.  

Em janeiro, 9,18% do território cearense não apresentava o quadro de seca, segundo critérios do Monitor de Secas, mas em fevereiro, que é o primeiro mês da quadra chuva, o fenômeno atingiu todo a extensão do Estado – 65,74% (fraca) e 34,26% (moderada).

O fato decorre de ocorrência de chuvas abaixo da média ao longo dos últimos dois meses. Neste mês de março, houve melhora na cobertura vegetal e no acúmulo de reserva hídrica no interior cearense por causa das chuvas que banham o Estado, mas os dados do Monitor de Seca somente serão divulgados na segunda quinzena de abril, referente ao atual março.

O agrônomo e economista, Antônio de Souza, frisou que “infelizmente o quadro está adverso com chuvas irregulares em grade parte do Ceará”. Ele salientou que “infelizmente as previsões meteorológicas de chuva abaixo da média com maior tendência estão se confirmando”.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Erivaldo Freitas, “o inverno fracassou em fevereiro e na primeira quinzena de março”. Freitas mostrou desânimo. “Acho que abril também vai continuar assim, chovendo bem em uma área e em outra, não”.

O meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Flaviano Fernandes, pontuou que “as chuvas irregulares e reduzidas na maior parte do semiárido nordestino devem permanecer abaixo da média no restante deste mês, em abril e maio próximos porque a temperatura das águas superficiais do Atlântico Tropical Sul não está favorecendo a aproximação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT)”.

A ZCIT é uma larga banda de nuvens e é o principal sistema que traz chuva para o Ceará durante a quadra chuvosa (fevereiro a maio). Fernandes comparou: “A situação está ruim em todo o semiárido do Nordeste, mas é no Ceará onde há um melhor quadro”. O meteorologista projetou que “neste ano o fenômeno da seca vai se agravar até o fim do ano e as reservas hídricas ficaram escassas”.

O Monitor da Seca é uma ferramenta coordenada pela Agência Nacional de Águas (ANA) desde 2017. No Ceará tem o apoio da Funceme e parceria com outras instituições estaduais e federais.