Uma semana após equipes da Vigilância Sanitária e Polícia Militar flagrarem uma vaquejada clandestina reunindo 5 mil pessoas, Barbalha registrou novas aglomerações no Centro da cidade e na zona rural. A preocupação com estes episódios aumenta, pois, após período de estabilidade, o município da região do Cariri voltou a apresentar aumento de casos da Covid-19, na última semana.
A primeira grave ocorrência aconteceu no último sábado (21), no distrito Estrela, que fica a cerca de oito quilômetros da sede do município. Lá, com apoio da Polícia Militar e do Departamento Municipal de Trânsito (Demutran), a Vigilância Sanitária encerrou uma festa com um público aproximado de 500 pessoas, que ocorria em uma chácara.
De acordo com o coordenador da Vigilância Sanitária de Barbalha, Carlos Henrique Albuquerque, os agentes chegaram ao local através de denúncia. Lá, constataram que o evento programava a apresentação de três bandas de forró.
“Ainda chegamos no início e já tinha essa multidão, sem máscara, dançando, descumprindo todos os protocolos”, conta. A festa foi encerrada e o organizador do evento foi identificado e multado.
Apesar do flagrante, Carlos Henrique lamenta que tem sido comum, principalmente no distrito Estrela, episódios semelhantes. “É um local com muitas chácaras, que têm sido alugadas. Acaba o distrito Estrela nos dando muito trabalho, mas ontem foi a primeira nesta dimensão".
Centro Histórico
Outro momento que assustou as autoridades sanitárias barbalhenses aconteceu na noite do domingo (22), no Centro Histórico, próximo ao Cineteatro. Ali, segundo estimativa da Polícia Militar, cerca de 1 mil pessoas se aglomeravam, atraídas por shows concentrados em restaurantes e bares entre as ruas do Vidéo, Neroly Filgueira e Dom Pedro I.
“É um local pequeno, de ruas estreitas e, ontem, parecia uma disputa de quem colocava o som mais alto”, detalha o coordenador da Vigilância Sanitária.
Sem autorização prévia, os donos destes restaurantes interditaram as ruas com cadeiras e mesas, concentrando um grande de número de pessoas sem máscaras. “Nem a presença das autoridades intimidou. Tivemos que ir em cada estabelecimento para encerrarem as atividades no bar e cozinha”, conta o coordenador da Vigilância Sanitária.
Mau exemplo
Agentes da Vigilância Sanitária chegaram a ser ameaçados por um dos donos destes restaurantes, que também é dentista. Ele ofereceu resistência em dispersar o público, desacatou os fiscais e, por isso, foi levado à delegacia, onde foi realizado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).
“Ele insistiu em continuar. O que mais chamou atenção é por ser um profissional da saúde. Foi revoltante!”, desabafa Carlos. Depois de aproximadamente uma hora, a multidão foi dispersada e cinco estabelecimentos foram notificados.
Aumento de casos
As aglomerações em Barbalha ocorrem em um momento que o Município volta a registrar aumento de casos de Covid-19. Entre os dias 1º e 8 de agosto, foram 37 novos infectados confirmados. Na semana seguinte, entre os dias 8 e 15, já aparece uma queda para 33 pessoas com coronavírus. Porém, na última semana, entre os dias 15 e 22, houve um acréscimo de 41 novos casos, subindo 24,2%, em relação ao período anterior.
Hoje, a terra dos Verdes Canaviais soma 8.385 casos da Covid-19 e contabiliza 201 óbitos pela doença. Atualmente, segundo a Secretaria de Saúde do Município, duas pessoas estão em tratamento hospitalar e uma se encontra na unidade de terapia intensiva (UTI). A situação ainda é melhor que no início de agosto, quando haviam oito pacientes em tratamento hospitalar e quatro ocupando os leitos de UTI.
Medidas
Após três casos graves de aglomeração nos últimos oito dias, a Vigilância promete tomar medidas. Na próxima quarta-feira os agentes discutirão com o Comitê Técnico formado para o combate à Covid-19 medidas para coibir estes eventos. “Precisamos sentar e repensar junto com o prefeito. Está complicado. As pessoas não podem confundir essa melhora com relaxamento das medidas”, alerta Carlos Henrique.
Uma ação a ser avaliada é a fiscalização mais intensa nas “interdições espontâneas” com mesas e cadeiras, que os restaurantes estão realizando em ruas do Centro Histórico. “É um combustível para acontecer o que aconteceu ontem. Antes, era metade da via. Hoje, usam a rua completa. Acredito que o Demutran tem que ser mais incisivo”, completa.