Águas do 'Velho Chico' alcançam os 53 km do 'eixo emergencial' do Cinturão

A água completou o trajeto da obra, responsável pelo transporte até o açude Castanhão. Mesmo assim, recurso hídrico só deve ser enviado a partir do primeiro semestre de 2021.

As águas do Rio São Francisco finalmente alcançaram, na tarde desta sexta-feira (23), os 53 quilômetros do ‘eixo emergencial’ do Cinturão das Águas do Ceará (CAC), que garante o transporte ao açude Castanhão. Apesar disso, o recurso hídrico só deverá ser enviado ao maior reservatório do Estado no primeiro semestre do ano que vem, durante a estação chuvosa, garantindo uma menor perda durante seu trajeto.

Da barragem de Jati, do Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf), a água chegou até Missão Velha, onde há um desemboque que levará até o Riacho Seco. Segue pelo rio Batateira, que forma o Rio Salgado, principal afluente do rio Jaguaribe. Deste último, por seu fluxo natural, dará aporte ao maior reservatório do Estado e garantindo a segurança hídrica de Fortaleza.

A Secretaria de Recursos Hídricos do Estado (SRH), confirmou que a água alcançou os 53 quilômetros, mas ainda não formou um espelho d’água. A pasta informou que o canal ainda está enchendo e que só terá informações mais precisas na próxima segunda-feira (26).

O diretor de Águas Superficiais da Superintendência de Obras Hídricas (Sohidra), Antônio Madeira Lucena, detalhou que a água chegou por volta das 13h30 no local onde está a comporta, que liberará a água para o Riacho Seco. Porém, o transporte ainda está em fase de testes. “Até agora, não apresentou nenhum problema. Está funcionando direitinho. Se algum dreno pode ter uma vazão, teria um estudo para ver se toma alguma medida corretiva, mas nada expressivo. Até agora, está tudo normal”, comemorou.

A média da calha d’água no canal, até agora, é de 1,60m, mas em alguns trechos chega a 1,88m. No entanto, a SRH realizou um estudo que indica a liberação deste montante hídrico apenas no primeiro semestre do ano que vem, no período chuvoso, onde a eficiência da condução da água é menor. “Se enviasse agora, teria muita perda por infiltração, evaporação e própria retirada das pessoas”, detalhou o superintendente da Sohidra, Yuri Castro. 

Obras retomadas

As obras dos lotes 3 e 4, do Trecho 1 do Cinturão das Águas do Ceará (CAC), que passam por Barbalha, Crato e Nova Olinda, foram retomadas no último mês. Elas não são responsáveis diretamente pela chegada das águas ao Castanhão, mas complementam os 145,3 quilômetros de extensão que barragem de Jati, no município homônimo, até o Rio Cariús, em Nova Olinda. Assim, garantindo que o recurso hídrico do ‘Velho Chico’ também chegue ao açude Orós, segundo maior do Ceará. 

Os lotes 03 e 04 estão, respectivamente, com 26,59% e 4,26% de avanço físico e ficaram paralisadas por mais de um ano. A expectativa é que os serviços sejam concluídos até dezembro de 2024.  Todo o trecho 1 soma 64,77%. Até agora, cerca de 300 pessoas estão trabalhando na obra e mais de 120 equipamentos em serviço.  

Em 2020, até agora, já foram disponibilizados recursos financeiros pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) de R$ 161.701.833,22. O valor foi suficiente para efetivar os pagamentos correspondentes de todas as dívidas, proporcionando um saldo de caixa para conclusão das obras dos Lotes 01, 02 e a retomada dos Lotes 03 e 04 do CAC, até metade do ano que vem.