Vivemos a quarta era da indústria. Estamos cada vez mais conectados a máquinas e suas funcionalidades. Deixamos o digital na indústria 3.0 e seguimos o caminho da automação, presença massiva da internet, da inteligência artificial e o machine learning. Num período em que os computadores e softwares se sobressaem realizando atividades de repetição e programadas, o profissional precisa se reinventar para manter-se presente no mercado de trabalho.
O profissional de Administração de Empresas pode estar presente em todos os tipos de negócios, desde o carrinho de pipoca, passando por estabelecimentos dentro dos lares, até às grandes corporações. Ele busca utilizar, da maneira mais eficaz possível, seus recursos financeiros, pessoais ou materiais.
A possibilidade de atuar em diversas áreas permite que o profissional da Administração construa seu caminho de forma interdisciplinar. É possível atuar na gestão de pessoas, no controle de finanças, nas operações de marketing e no controle de operações empresariais.
Histórico
A importância do profissional de Administração torna-se evidente com a primeira Revolução Industrial, ainda no século 18, em que houve o surgimento de empresas de larga escala, como indústrias de produção em massa, graças à inovação da máquina à vapor. Desde então, o profissional precisa agir conforme os desenvolvimentos tecnológicos.
Hoje, estamos na chamada Era da Indústria 4.0, quando a tecnologia e a presença do digital já ficaram para trás e o importante é a capacidade desses aparelhos de aprender novas habilidades e realizar novas atividades automaticamente, denominado de machine learning. Há também processos, como internet das coisas (IoT), cibernética e computação em nuvem.
A rede mundial de computadores também proporciona essa alteração na sociedade trabalhista, a partir da facilidade de conexão entre aparelhos. No entanto, a presença e a atuação do ser humano consumidor deseja atributos pessoais para o serviço oferecido.
Comportamento
O profissional de Administração deve ser capaz de operar e compreender as tecnologias, mas também investir em suas soft skills ou, em português, nas habilidades socioemocionais, pois são elas que diferenciam o homem da máquina. Os softwares conseguem analisar dados e controlar meios de produção, mas o diferencial dos produtos e serviços entregues serão os atributos do profissional associado ao material disponibilizado – entre eles, empatia, criatividade e capacidade de realizar tarefas.
Essas habilidades permeiam as atitudes comportamentais do profissional. A tendência é que o administrador desenvolva essas características para que se equipare ao que pode ser visto como inevitável, a substituição pelas máquinas nas atividades processuais e técnicas.
Josimar Costa, Coordenador do curso de Administração da Universidade de Fortaleza (Unifor), afirma que os profissionais em formação na academia já estão tendo a oportunidade de desenvolver essas habilidades enquanto estudam. Na Unifor, há a disciplina de Projeto Intercursos, obrigatória a todos os alunos do Centro de Comunicação e Gestão da instituição, onde está inserido o curso de Administração.
Ela propõe a esses alunos desenvolver soluções para problemas que permeiam a sociedade e necessitam de profissionais de diferentes áreas do conhecimento para o desenvolvimento desse projeto.
Desafios
O professor Josimar também aponta que os futuros profissionais da área administrativa precisarão lidar com um público adepto à tecnologia desde uma idade muito nova e, por isso, estão acostumados ao suprimento de necessidades de forma rápida e com consumismo exacerbado. Ele afirma que o grande desafio dos administradores do futuro: atender essas demandas imediatistas e, ao mesmo tempo, perceber as mudanças no mundo. Como viver o hoje pensando no futuro. “Futuro é: relacionamento, resultados rápidos e negócios sustentáveis”, define Josimar.
A empatia contida nas soft skills é tida por Josimar como a principal necessidade do profissional de Administração do futuro. Com ela, é possível melhorar a capacidade de gestão de pessoas, desenvolver ideias mais eficazes e estar mais ativo aos negócios sustentáveis, aqueles que pensam não só na empresa, mas também na sociedade e na região onde ela está inserida, mantendo um equilíbrio entre economia, ambiente e sociedade.
Empreendedorismo social é um caminho
O empreendedorismo social, aquele que busca desenvolver soluções para problemas de escala social, está entre as áreas que mais prometem crescer nos próximos anos, afirma Josimar Costa, Coordenador do curso de Administração da Unifor, que também pontua as áreas de negócios de saúde, start-ups, consultorias e empreendedorismo.
A gestão em negócios na área da saúde irá captar profissionais pelo crescimento do ramo devido ao envelhecimento da população brasileira. Já a gerência de negócios de start-ups tende a ser uma possibilidade com oportunidades, porque em muitas há boas ideias desenvolvidas que, no entanto, não decolam pela falta de gestão de negócios.
O ramo de consultorias permite ao profissional ajudar empresas a crescerem baseadas em seus conhecimentos e vivências na área, além da visão externa da organização. Aliado a isso, há o crescimento da economia gig – que pode ser entendida como a economia baseada nos trabalhos pontuais e profissionais independentes, também conhecidos
como freelancers.
O desenvolvimento desses profissionais precisa ser constante, sempre atualizado com as novas tendências tecnológicas e mercadológicas, reforçando as habilidades de lidar com pessoas e processos no ambiente de trabalho, além de buscar conhecimento na área para construir estratégias administrativas que os diferenciam das máquinas que podem vir a exercer funções semelhantes.
O administrador deve focar no que é exclusivo do ser humano e investir nessas habilidades. “A constante atualização é necessária, mas o primeiro passo é a graduação em Administração, para que o profissional consiga ter uma visão geral de mercado e de oportunidades que virão a surgir na área”, conclui Josimar.