Mesmo com orientação, vereadores do PDT em Fortaleza evitam campanha presidencial no 2º turno

Comum durante a campanha do primeiro turno para o correligionário Ciro Gomes, os parlamentares não têm feito qualquer menção ao candidato do PT

A menos de uma semana do segundo turno das eleições e mais de 20 dias após o PDT anunciar apoio à campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência da República, vereadores da bancada do PDT de Fortaleza ainda evitam fazer campanha para o petista. Dos dez parlamentares pedetistas que exercem mandato na Câmara da Capital, apenas dois declaram apoio ao PT.

Comum durante a campanha do primeiro turno para o correligionário Ciro Gomes (PDT), os parlamentares não têm feito qualquer menção ao candidato do PT na disputa contra o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição. A exceção são os vereadores Júlio Brizzi (PDT) e Enfermeira Ana Paula (PDT).

O parlamentar publicou uma foto com adesivo do PT onde apela para aqueles que “não votaram nem em Lula nem no outro candidato no 1º turno”. “Quem me acompanha sabe que votar no atual presidente nunca foi uma opção! Muito mais ainda depois da gestão trágica na pandemia que nunca podemos esquecer”, escreveu no início desta semana.

A vereadora Enfermeira Ana Paula também adotou posicionamento semelhante. “Como parlamentar, como cidadã e como defensora da democracia e da liberdade deixo aqui registrado meu posicionamento de apoio a Lula neste segundo turno”, publicou. 

Ausências

Os vereadores do PDT também não compareceram ao evento do partido, na última terça-feira (25), em apoio a Lula no Ceará. Sob liderança do deputado federal André Figueiredo (PDT), presidente do diretório da sigla no Ceará, a militância se reuniu para definir estratégias para a reta final do pleito. 

Nem Ciro nem o ex-candidato Roberto Cláudio, que ficou em terceiro na disputa, estiveram no evento. Sem eles, nenhum vereador de Fortaleza se fez presente no local para reforçar o movimento de apoio a Lula.

Além de Júlio Brizzi e Enfermeira Ana Paula, compõem a bancada do PDT na Câmara de Fortaleza os vereadores Adail Júnior, Carlos Mesquita, Didi Mangueira, Gardel Rolim, Lúcio Bruno, Paulo Martins e Renan Colares. Completa a lista o presidente da Casa, o vereador e deputado estadual eleito Antônio Henrique.

Desafio para o PDT

A baixa adesão dos vereadores de Fortaleza à campanha de Lula vai de encontro ao discurso do senador Cid Gomes (PDT), principal liderança do PDT no Ceará. Em evento com mais de 100 prefeitos cearenses, no último dia 10 de outubro, ele disse que iria se empenhar para que todos os correligionários estivessem empenhados na campanha petista. 

“Não sossegarei enquanto não tiver cada um dos filiados do PDT engajado nessa luta"
Cid Gomes (PDT)
Senador

Ao anunciar apoio a Lula, o presidente nacional da sigla, Carlos Lupi, enviou recados de que o apoio ao petista deveria ser unânime dentro da sigla. "Não admitimos nenhum pedetista ao lado de Bolsonaro", disse. 

“Aqueles que acreditam como filosofia de vida no trabalhismo como instrumento democrático de transformação da sociedade através do trabalho, da renda e do emprego digno, estar ao seu lado não é favor, é obrigação”
Carlos Lupi
Presidente do PDT

Racha no PDT

Desde a pré-campanha eleitoral, o PDT Ceará vem enfrentando turbulências internas. A disputa entre aliados da governadora Izolda Cela (sem partido), que defendiam sua reeleição, e do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT), que defendiam o nome dele como cabeça de chapa, travaram uma guerra interna.

Nessa disputa, os vereadores da Capital foram os mais empenhados na campanha pró-Roberto Cláudio. Com a confirmação da chapa liderada pelo ex-prefeito e o rompimento da aliança histórica entre PT e PDT, os parlamentares de Fortaleza passaram a direcionar os ataques para os correligionários de Lula no Ceará. 

Após o resultado do primeiro turno e com a decisão nacional do PDT de embarcar na campanha pró-Lula, o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), chegou a reunir os vereadores para anunciar o apoio à campanha petista, mas, na prática, a mobilização tem sido evitada pelos vereadores.