Anunciada nesta quinta-feira (22) para ser ministra da Igualdade Racial no novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Anielle Franco é educadora e ativista social ligadas às pautas raciais, LGBTQIA+, periféricas e de desigualdade social.
Irmã da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), assassinada em março de 2018 em um episódio de violência política que ainda não foi solucionado, Anielle foi confirmada pelo próprio presidente Lula junto com outros 15 ministros. Por meio do Twitter, ela destacou a importância de aceitar o desafio para que pessoas negras possam ocupar mais espaços de Poder.
"Precisamos de mais de nós em todos os espaços de decisão da sociedade e seguiremos por todos os lados inspirando, conectando e potencializando mulheres negras, pessoas LGBTQIAP+ e periféricas a seguirem movendo as estruturas. (...) Não será um ministério isolado. Vamos trabalhar com todos os ministérios para recuperar o retrocesso que foi feito nos últimos anos e para avançar de uma forma urgente, necessária e inédita na garantia de direitos e dignidades para o nosso povo e construir o Brasil do futuro"
"Minha relação com o movimento se estreitou nos últimos cinco anos, mas tenho certeza que é por meio da troca, diálogo, abertura e participação que vamos avançar na busca por igualdade e dignidade para pessoas negras, todas as etnias, nações e povos que habitam o nosso País", acrescentou.
Atualmente, não há um ministério voltado para a Igualdade Racial no Governo Bolsonaro. Na equipe de transição de Lula, a criação da Pasta já tinha sido apontada como uma das prioridades do novo governo. Anielle Franco, inclusive, integrou o grupo de trabalho das Mulheres na transição do petista.
Anielle Franco
Criada na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro, Anielle Franco possui duas graduações: é bacharel em Jornalismo e em Inglês pela Universidade Central da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e bacharel-licenciada em Inglês/Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Annielle possui, ainda, mestrado em Jornalismo e em Inglês pela Universidade da Flórida e em Relações Étnico-Raciais pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, no Rio de Janeiro.
Com o assassinato da irmã vereadora, Anielle e a família criaram o Instituto Marielle Franco - uma organização sem fins lucrativos que tem como missão inspirar, conectar e potencializar mulheres negras, pessoas LGBTQIA+ e periféricas em prol de uma sociedade mais justa e igualitária O instituto promove ações de combate à desigualdade social e racial, à violência contra a mulher, LGBTQI fobia, entre outras.
Na instituição, ela atuava como Diretora Executiva. Com o anúncio para o ministério, ela disse que não irá mais ocupar o cargo na organização.
"O Instituto Marielle Franco seguirá lutando por justiça, defendendo a memória e regando suas sementes. Deixarei de ocupar o cargo de Diretora Executiva e o Instituto será gerido temporariamente pela equipe de gestão e apoiado pelo conselho e a família até a transição completa", explicou.
Entre os livros publicado de Anielle, estão "Minha irmã e eu: diário, memórias e conversas sobre Marielle" e "Sempre foi sobre nós: Relatos da violência política de gênero no Brasil" (Orgs).