Ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o delegado Rivaldo Barbosa conheceu os familiares da vereadora Marielle Franco, incluindo os pais dela. Ele chegou a abraçá-los e prometer que resolveria o crime. Neste domingo (24), Rivaldo Barbosa foi preso por suspeita de atrapalhar as investigações do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes.
Além dele, foram presos os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, acusados de serem mandantes do crime.
Rivaldo Barbosa foi empossado como chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro no dia 13 de março de 2018, um dia antes do assassinato de Marielle. Um mês depois do crime, ele recebeu os familiares de Marielle Fraco para uma reunião. A informação é do colunista do Metrópoles, Guilherme Amado.
Estiveram presentes na reunião os pais de Marinete e Antônio; a viúva de Marielle, Monica Benicio; e Luyara, filha de Marielle. Também participou da reunião o ex-deputado federal Marcelo Freixo, de quem Marielle havia sido assessora parlamentar e de quem eram amiga.
Em mais de uma ocasião, Barbosa prometeu a resolução do caso, incluindo durante a reunião com os familiares da vereadora. "Estamos diante de um caso extremamente grave e que atenta contra a dignidade da pessoa humana e contra a democracia", disse em março de 2018.
Obstrução de Justiça
Segundo as investigações da Polícia Federal, Rivaldo Barbosa teria travado e obstruído as investigações sobre o assassinato quando estava no comando da Polícia Civil. Ele chegou a apresentar inclusive uma suposta testemunha do crime aos responsáveis pelo inquérito que, meses depois, iria ser identificada como uma farsa.
O delegado, que hoje ocupa a coordenação de Comunicações e Operações Policiais da Polícia Civil, foi indicado para ser chefe da instituição pelo então intervetor federal no Rio de Janeiro, general Braga Netto.
Braga Netto assumiria, em 2019, como ministro da Defesa do Governo Jair Bolsonaro (PL). Ele também atuou como ministro da Casa Civil no governo do ex-presidente e foi candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022.
"Dia histórico"
A família de Marielle Franco divulgou uma nota após a operação que resultou na prisão de três suspeitos de participação na morte da vereadora. No texto, eles destacam que este domingo "é um dia histórico para a democracia brasileira e um passo importante na busca por justiça no caso de Marielle e Anderson".
Apesar de destacar o avanço nas investigações, a nota aponta que, até o momento, "ninguém foi efetivamente responsabilizado" pelo crime.
"Todas as prisões são preventivas e ainda há muita coisa a ser investigada e elucidada, principalmente sobre o esclarecimento das motivações de um crime tão cruel como esse. Mas, os esforços coordenados das autoridades são uma centelha de esperança para nós familiares", ressaltam.
Os familiares da vereadora agradecem ainda a Procuradoria Geral da República, da Polícia Federal e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro — responsáveis por deflagrar a operação deste domingo — e ao Ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal, relator do caso.
"Neste dia de dor e esperança, nossa família segue lutando por justiça. Nada trará nossa Mari de volta, mas estamos a um passo mais perto das respostas que tanto almejamos", encerra.
A nota é assinada pelos pais de Marielle, Marinete e Antônio, pela irmã Anielle e pela filha da vereadora, Luyara.