A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) criticou o debate promovido no plenário pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE) na última segunda-feira (17), a respeito do aborto após a 22ª semana de gestação. Naquele dia, Girão convidou uma contadora de histórias para encenar um suposto feto sendo submetido a uma assistolia fetal.
"Eu queria até o telefone, o contato daquela senhora que esteve aqui ontem, encenando aquilo que nós vimos. Sabe por quê? Porque eu quero ver ela encenando a filha, a neta, a mãe, a avó, a esposa de um parlamentar sendo estuprada. Eu quero que ela faça a encenação do estupro agora. Por que não? Se encenaram um homicídio aqui ontem, que encenem o estupro", discursou a senadora. O vídeo tem repercutido nas redes sociais.
Thronicke afirmou ser contra o aborto e defendeu a existência de vida desde a concepção. No entanto, ela lembrou que o Estado é laico e que o aborto é legal no Brasil em três situações: em casos de estupro, anencefalia fetal ou risco de morte à gestante.
"Não é obrigada a abortar quem foi estuprada e, por acaso, engravidou. Vai quem quer, de acordo com a sua fé, com a sua consciência. Por quê? Porque o Estado é laico", disse a política.
As críticas à sessão organizada pelo senador cearense também foram reforçadas pelos senadores Fabiano Contarato (PT-ES), Leila Barros (PDT-DF) e Teresa Leitão (PT-PE).
PL do Aborto
O Projeto de Lei 1904/2024, conhecido como PL do Aborto, equipara as penas para abortos feitos após a 22ª semana de gestação às previstas para homicídio simples, mesmo em casos de estupro.