O nome do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), foi citado em delação ligada à investigação da Polícia Federal sobre irregularidades em contrato de R$ 48 milhões para compra de respiradores durante a pandemia, na Bahia. Ele nega a acusação, referente ao período em que foi governador do Estado.
A informação foi revelada nesta quarta-feira (3) por reportagem do Uol, que teve acesso ao conteúdo do processo. Segundo o portal, o nome do antigo gestor do governo baiano foi mencionado em deleção premiada da empresária Cristiana Prestes Taddeo, da Hempcare, responsável pela transação. Ela devolveu cerca de R$ 10 milhões aos cofres públicos e apresentou extratos bancários de transferências a intermediários da venda.
Os respiradores negociados nunca foram entregues e os valores, pagos adiantados, não foram recuperados totalmente.
Aos investigadores, a mulher delatou que o contrato foi redigido de forma desfavorável ao Estado, prevendo pagamento adiantado; a empresa não possuía as documentações necessárias para a operação; e que recebeu informações privilegiadas para apresentar a proposta de preço ao governo baiano.
Taddeo contou que a contratação foi intermediada por um empresário baiano que disse ser amigo de Rui Costa e da então primeira-dama, Aline Peixoto. Esse homem teria cobrado o pagamento de comissões pelo negócio, que totalizaram R$ 11 milhões. A PF e o Ministério Público Federal investigam se esse valor seria propina destinada a agentes públicos.
Além da empresária, Rui também foi mencionado pelo ex-secretário do governo baiano, Bruno Dauster, em depoimento à PF. Segundo ele, o negócio foi fechado por ordem do petista.
Rui Costa nega envolvimento no caso
O ministro nega as acusações. Na época, foi o próprio, como governador, que determinou a investigação sobre o negócio — fato destacado por ele para negar o envolvimento no caso.
Ele afirma que nunca tratou com "com nenhum preposto ou intermediário sobre a questão das compras deste e de qualquer outro equipamento de saúde". Em relação ao pagamento adiantado, o titular da Casa Civil justificou que era a condição de mercado "vigente" para a compra de respiradores no início da pandemia.
O inquérito está em fase final na Polícia Federal, conforme o Uol, e corre na Justiça Federal baiana, já que envolve fato do mandato anterior de Costa — antes de virar ministro. O político comandou o Estado entre 2015 e 2022.
O contrato em questão foi assinado em abril de 2020, início da pandemia de Covid-19, e previa a compra de 300 respiradores importados da China. Os equipamentos abasteceria os estados-membro do Consórcio Nordeste, presidido pelo petista no período.