Presidente do Senado com maior número de votos é do Ceará; conheça a história

Ao ser eleito presidente do Senado Federal em 1991, Mauro Benevides conseguiu 76 votos. Apenas José Sarney conseguiu receber o mesmo apoio em 2003

Há exatamente 32 anos, o então senador cearense Mauro Benevides (MDB) era eleito presidente do Senado Federal. Além do feito histórico para o Ceará, o desempenho do parlamentar ficou registrado pelo amplo apoio que obteve: 76 votos, uma vitória de consenso. Mais de três décadas depois, esse número de votos jamais foi superado por outro postulante ao comando da Casa.

Apenas José Sarney (MDB), que disputou o cargo em 2003, conseguiu arregimentar a mesma quantidade de votos. A eleição de Benevides ocorreu no dia 2 de fevereiro de 1991, por volta das 10 horas, sob presidência do senador Nelson Carneiro. Mesmo anos depois, a eleição para o cargo segue os mesmos moldes de como foi feito à época.

Cada parlamentar foi chamado nominalmente e depositou a cédula com o voto secreto na urna. Dos 81 deputados, dois deixaram de votar: José Agripino Maia e Levy Dias. Nelson Wedekin também não votou por estar em viagem ao exterior. Assim, dos 78 votantes, foram identificados dois votos em branco e todos os outros para Mauro Benevides.

“Tenho a honra de proclamar eleito presidente do Senado Federal para as 1ª e 2ª sessões legislativas da 49ª Legislatura, o nobre senador Mauro Benevides”, anunciou Wedekin.

Nos dias que antecederam a votação, o Diário do Nordeste já adiantava a vitória do cearense diante das articulações do PMDB com os outros partidos, o que garantiu tranquilidade no pleito.

“A eleição foi tranquila e, como candidato único, Mauro recebeu 76 dos 78 votos dos senadores. Dois votos foram em branco. O senador cearense chega à Presidência do Senado e Congresso Nacional após um trabalho de articulações com outras bancadas para garantir ao PMDB, como partido majoritário, a escolha do novo dirigente do Poder”, informava o Diário do Nordeste em 3 de fevereiro de 1991.

No discurso, Benevides traçou como meta reforçar o prestígio do Congresso. 

“Ascendemos à Presidência do Senado Federal no momento em que o Congresso Nacional precisa reconquistar o prestígio de sua força popular, através do trabalho patriótico; da firmeza das ações; de medidas de probidade; do devotamento aos problemas do povo; do respeito constante às garantias individuais; do acatamento à dignidade dos homens públicos; do fortalecimento da paz e da ordem jurídica do País"
Mauro Benevides
Ex-presidente do Senado

Mauro prometeu empenho para fortalecer a imagem do Poder Legislativo e garantir uma nova imagem do Parlamento junto à sociedade: "Desejamos direcionar nossas forças no sentido de empreender um trabalho contínuo visando a um Congresso sempre mais digno do regime digno, que seja o orgulho do povo e expressão maior da nossa cultura política".

Número de votos dos presidentes do Senado: 

  • 1985 – José Fragelli (MDB-MS): 38
  • 1987 – Humberto Lucena (MDB-PB): 67
  • 1989 – Nelson Carneiro (MDB-RJ): 70
  • 1991 – Mauro Benevides (MDB-CE): 76
  • 1993 – Humberto Lucena (MDB-PB): 69
  • 1995 – José Sarney (MDB-MA): 61
  • 1997 – Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA): 52
  • 1999 – Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA): 70
  • 2001 – Jader Barbalho (MDB-PA): 41
  • 2001 – Ramez Tebet (MDB-MS): 41
  • 2003 – José Sarney (MDB-MA): 76
  • 2005 – Renan Calheiros (MDB-AL): 72
  • 2007 – Renan Calheiros (MDB-AL): 51
  • 2007 – Garibaldi Alves (MDB-RN): 68
  • 2009 – José Sarney (MDB-MA): 49
  • 2011 – José Sarney (MDB-MA): 70
  • 2013 – Renan Calheiros (MDB-AL): 56
  • 2015 – Renan Calheiros (MDB-AL): 49
  • 2017 – Eunício Oliveira (MDB-CE): 61
  • 2019 – Davi Alcolumbre ​(União Brasil-AP): 42
  • 2021 – Rodrigo Pacheco (PSD-MG): 57
  • 2023 – Rodrigo Pacheco (PSD-MG): 49

Mauro Benevides

Pai do atual deputado federal Mauro Filho, Mauro Benevides permaneceu na presidência do Senado até 1993, comandando a casa durante os governos de Fernando Collor — inclusive durante seu impeachment — e Itamar Franco. 

No currículo, ele acumula dois mandatos como senador e mais dois como deputado federal, além de quatro mandatos como deputado estadual. O político também foi vereador de Fortaleza.