Presidente nacional interino do PDT, o deputado federal André Figueiredo (PDT) reagiu às declarações do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão (PDT), dadas nesta terça-feira (29), ao anunciar sua saída do partido. O dirigente nacional negou as acusações de perseguição, classificou como “injustas” as falas do parlamentar estadual e defendeu que o mandato do político pertence à legenda.
Pela manhã, em pronunciamento na Assembleia, Evandro anunciou sua saída do PDT. Ele corre risco de ter o mandato disputado na Justiça Eleitoral caso efetive a desfiliação, o que chamou de "perseguição" por parte da Executiva nacional do PDT.
“Existe uma previsão estatutária de que o mandato pertence ao Partido e que anuências são vedadas inclusive por uma Resolução de 01/5/2022”, escreveu Figueiredo em nota pública.
O político também ressaltou que está há quatro décadas se dedicando ao PDT. “Eu certamente não conseguiria isso se em minha natureza houvesse a prática da perseguição”, acrescentou.
Na Assembleia, as declarações de Evandro Leitão foram direcionadas à Executiva Nacional do PDT. Ele disse que desde as eleições do ano passado vem sendo vítima de “perseguição”.
“Começou na época da campanha, onde eu - pode pegar na minha prestação de contas -, não recebi um único centavo por parte do partido. E agora, a Executiva Nacional, pegando a informação que você está me passando, disse que vai judicializar. Eu lamento essa perseguição, lamento essa falta de respeito para com a decisão do diretório estadual e agora vamos discutir isso nas esferas que assim caiba"
Essa acusação também foi rebatida por Figueiredo. Ele disse que a “nenhum parlamentar, seja federal ou estadual, foi deixado de oferecer recursos do Fundo Eleitoral em 2022, dentro das normas estabelecidas em Resolução Nacional”.
Ao chamar de “injustas” as falas do correligionário, o presidente nacional do PDT fez uma conclamação à união partidária.
“A quem interessa tudo isso que ocorre no nosso PDT?”
Novo impasse
O novo capítulo da crise interna do PDT foi deflagrado na última sexta-feira (25). Durante reunião do diretório estadual, sob comando interino do senador Cid Gomes (PDT), presidente interino da sigla no Ceará, Evandro requereu — e a maioria dos seus correligionários no encontro aprovou — uma carta de anuência simbólica.
Em tese, conforme explicou Cid, a medida autorizaria o presidente da Alece a deixar o PDT, mas mantendo seu mandato.
Contudo, logo após o encontro, André Figueiredo disse que a reunião e as decisões tomadas nela eram nulas, já que uma eventual anuência dependeria da Executiva Nacional do PDT. “Não existe a possibilidade de haver uma carta de anuência sem a aquiescência da direção nacional”, disse.
Nesta terça-feira, pouco antes de Evandro Leitão anunciar sua desfiliação, o presidente licenciado do PDT, o ministro Carlos Lupi, endossou a fala do deputado federal cearense.
"Já estamos entrando com uma ação para coibir isso, porque fere o estatuto do partido"
Ainda em sua nota, Figueiredo relembra toda a crise no partido e destaca as tentativas de pacificação, entre elas a sua decisão de deixar a presidência do PDT Ceará temporariamente para Cid Gomes buscar trégua na crise.
Contudo, o dirigente questiona o sucesso dessa mudança. “Se um dos motivos para a mudança temporária na presidência estadual do PDT era evitar desfiliações de companheiros(as) valorosos(as), por que isso poderia ocorrer de forma tão abrupta?”, questionou sobre a anuência dada a Evandro sob bênçãos de Cid.