Prefeito de Juazeiro é ‘ingrato’ e nunca foi seu aliado, diz Fernando Santana

O episódio chama atenção porque ambos chegaram a construir boa relação em anos anteriores, que se dissipou com o embate eleitoral

As divergências entre pré-candidatos à Prefeitura de Juazeiro do Norte têm ganhado mais evidência com o andamento da pré-campanha. O deputado estadual Fernando Santana (PT), que vai concorrer à Prefeitura da cidade caririense, teceu críticas ao atual prefeito Glêdson Bezerra (Podemos), que vai buscar a reeleição, e o chamou de "ingrato", em entrevista à Live PontoPoder nesta quinta-feira (9). 

O episódio chama atenção porque ambos chegaram a construir boa relação em anos anteriores, que se dissipou com o embate eleitoral. "O prefeito de Juazeiro, na verdade, não foi meu aliado. Eu fui aliado dele porque o ajudei muito conseguindo investimentos, aproximei-o do próprio governador da época, o Camilo Santana, tendo em vista que ele sempre foi muito crítico às posições políticas que nós fazemos parte", relembra o parlamentar. 

"Ele se vende como um bolsonarista, mas eu falei que ele pode ser bolsonarista e a gente pode ter uma relação, por que não? Nós podemos ter alinhamento político, precisamos nem ser aliados. Terminamos eu sendo aliado dele, mesmo nessa condição, mas ele sempre sendo muito crítico, não só ao partido que eu pertenço – é um direito fazer críticas aceitáveis, respeitáveis. Mas aí, ao longo dessa relação, ele se mostrou muito ingrato e sempre atacando o lado político que eu faço parte e os meus líderes políticos", explica.

O deputado diz que buscou o prefeito para acordar um alinhamento administrativo, em busca de políticas públicas para a cidade, mas Glêdson não quis. 

“Então, hoje não temos relação. Eu o respeito como pessoa, mas acho que ele está prestando um desserviço, é uma política odienta, que não faz nada, é escândalo... Ele ficou três anos e meio dizendo que Juazeiro saiu das páginas policiais, mas ele próprio foi para as páginas policiais. [...] Ele ficou esse tempo dizendo que era honesto, mas os outros não são”, afirma. 

Glêdson Bezerra rebate críticas

Glêdson Bezerra, atual prefeito de Juazeiro do Norte, lamentou as críticas do parlamentar. "É lamentável receber esse tipo de afirmação de uma pessoa por quem eu fiz tudo que pude para tirar uma expressiva votação na cidade de Juazeira do Norte, e ele sabe disso, reuni todo o meu grupo político, enfrentei dissabores, arranjei adversários políticos por conta dessa minha dedicação à campanha dele, e nós tínhamos um compromisso político para ele votar em mim numa reeleição e trabalhar para a liberação dos 22 milhões de reais para obras públicas do nosso município", revelou. 

O atual prefeito ainda comentou que o "pacto" entre os antigos colegas políticos não foi cumprido. "O motivo do nosso distanciamento foi dado por conta desse comportamento dele de não cumprir com o compromisso que firmou comigo", continuou.

Em relação às críticas na segurança pública, o chefe do Executivo relembrou a operação que investiga fraudes em contrato de coleta do lixo. 

"O lixo da cidade de Juazeiro do Norte, quando eu assumi, custava R$ 4,7 milhões e o caso a que ele, entrelinhas, se refere quando fala dessas páginas policiais, foi porque eu baixei um lixo da minha cidade para R$ 2,2 milhões, então, hora nenhuma, eu vou perder o meu respeito, a minha credibilidade e a minha dignidade por ter baixado um lixo da minha cidade de R$ 4,7 milhões para R$ 2,2 milhões, seria o contrário se fosse uma questão de superfaturamento, o que efetivamente não é, e muito me estranha esse tipo de abordagem de uma pessoa que conhece, na prática, a nossa atuação", refletiu. 

Por fim, Glêdson também rebateu ser visto como "bolsonarista" por Fernando Santana. 

"Com relação ao campo político partidário, isso é nada mais, nada menos do que uma simples justificativa para não cumprir com o compromisso que firmou comigo, porque ele sabe desde quando eu fui apoiá-lo para o cargo deputado estadual, assim como votei no Camilo de Santana também para senador, que o meu voto já tinha sido no presidente Bolsonaro antes de anunciar esse apoio a ele. Isso nunca foi impeditivo. Depois, a vontade insana de querer ser prefeito de Juazeiro do Norte a qualquer custo passou a tentar criar subterfúgios para que a gente chegasse ao estado em que a gente está", concluiu.

CPI da Enel

Na entrevista, Fernando Santana também comentou sobre os desdobramentos da CPI da Enel, do qual foi presidente, cujos trabalhos foram encerrados nesta semana. Ele disse que a distribuidora de energia começou a se "autossucatear" no Estado quando percebeu que a venda da companhia não iria vingar e que poderia não conseguir renovar o contrato de concessão devido à má prestação de serviço.

Segundo o parlamentar, falta de colaboradores, de investimentos em manutenção e de equipamentos atestavam o desinteresse da empresa. 

"A Enel, visando o contrato que se encerra em 2028, estava preparando para renovar ou não renovar, mas como ela não tinha certeza, ela começou a se autossucatear. Ou seja, ela não comprava mais equipamento para fazer a manutenção, ela não comprava mais equipamento para visitar o consumidor, viatura, como eles chamam carros. Equipamentos diversos como transformadores, cabos, não estavam mais comprando", afirmou.

Ainda conforme o parlamentar, a falta de equipamentos fez com que a empresa terceirizasse serviço de outra distribuidora de energia para prestar serviços que ela já era paga para executar. Por conta das baixas, os consumidores sofriam com oscilações de energia e demora para religações.

"Daí a reclamação, a demora para voltar a energia, eles se comprometem em 3h e estão demorando 3 dias para retomar (a energia)", acrescentou.

Entrevista com Fernando Santana