Deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira (25), a Operação Vigilância Aproximada investiga uma organização criminosa instalada na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O grupo é suspeito de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas, utilizando-se de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial.
Um dos alvos da operação é o ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Ele foi o gestor da agência no governo Jair Bolsonaro e, segundo apuração da jornalista Andreia Sadi, da Globonews, a PF investiga se ele continuou recebendo informações da Abin mesmo após deixar o cargo. Ramagem esteve à frente da Abin entre julho de 2019 e abril de 2022.
A investigação da Polícia Federal que resultou na operação apontou que os supostos espionados seriam figuras públicas, como os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia e o ministro da Educação, Camilo Santana - na época governador do Ceará.
Ao todo, são cumpridos 21 mandados de busca e apreensão, sendo 18 em Brasília, um em Juiz de Fora (MG), um em São João Del Rei (MG) e um no Rio de Janeiro. Também foram expedidas medidas cautelares diversas da prisão, incluindo a suspensão imediata do exercício das funções públicas de sete policiais federais.
A ofensiva é um desdobramento das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro passado. Segundo os investigadores da PF durante a primeira operação, a Abin fez 33 mil monitoramentos ilegais durante o governo Bolsonaro. Do total, 1,8 mil foram destinados à espionagem de políticos, jornalistas, advogados, ministros do STF e adversários da gestão do ex-presidente.
A operação investiga o que chamou de "organização criminosa", acusada de se instalar na Agência e usar a estrutura para investigar adversários políticos sem autorização judicial. As provas obtidas a pela Polícia Federal na época indicam que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin.
Crimes
Segundo a PF, os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.