Janones fala sobre acusações de rachadinha em gabinete e diz que áudio foi retirado de contexto

Um ex-assessor do deputado o acusou de pegar parte do dinheiro de funcionários para custear dívidas

O deputado André Janones (Avante-MG) negou nesta segunda-feira (27) prática de rachadinhas após um áudio de uma reunião no gabinete dele vazar e ele ser acusado inclusive por um ex-assessor de pegar parte dos salários de seus funcionários. Para o parlamentar, a gravação foi "clandestina e criminosa". 

O áudio tem 49 minutos e se passa em uma reunião de funcionários de Janones em fevereiro de 2019, quando ele foi eleito pela primeira vez deputado. 

“Algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito. Porque eu perdi R$ 675 mil na campanha. ‘Ah isso é devolver salário e você tá chamando de outro nome’. Não é. Porque eu devolver salário, você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser", diz supostamente Janones no áudio. 

O autor do áudio foi o jornalista e ex-assessor Cefas Luiz. “Vários funcionários passavam o dinheiro vivo ou algumas pessoas pagavam despesas dele [Janones], como compras de supermercado, restaurante, taxas de hospedagem em site, etc. Funcionários tinham que pagar do próprio bolso", disse ele à CNN. 

"O meu patrimônio foi todo dilapidado. Eu perdi uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência de R$ 70 (mil). Eu acho justo que essas pessoas também participem comigo da reconstrução disso. Então, não considero isso uma corrupção”, 

Leia trecho em que Janones é apontado por rachadinha:

Tem algumas pessoas aqui que eu ainda vou conversar em particular depois que vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito. Porque eu perdi 675 mil reais na campanha. Elas vão ganhar mais, só isso. Ah! Isso é devolver salário e você tá chamando de outro nome. Não é. Porque eu devolver salário você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser. Né? Isso são simplesmente algumas pessoas que eu confio e que participaram comigo em 2016 e acho que elas entendem que realmente o meu patrimônio foi todo dilapidado. Eu perdi uma casa de 380 mil, um carro, uma poupança de 200 mil e uma previdência de 70 [mil]. Eu acho justo que essas pessoas também hoje participem comigo da reconstrução disso. Então não considero isso uma corrupção, porque isso é… algo que pode até… Não é segredo, não tem problema ninguém saber. A pessoa que é amigo, eu entendo que na hora que eu conversar vai se dispor a me ajudar

Atuação de prefeita no esquema 

Cefas Luiz também acusou uma prefeita de participar do esquema. Leandra Guedes, hoje chefe do Executivo Municipal de Ituiutaba, interior de Minas Gerais, era assessora de Janones e seria a responsável pelo dinheiro entregue por funcionários. 

“Leandra Guedes era namorada e assessora dele na época e ela era responsável por pegar o dinheiro de rachadinha dos funcionários. Nada era pago em banco. Era em dinheiro vivo”, disse o jornalista à CNN Brasil. 

A reportagem da CNN solicitou um posicionamento à prefeita e ainda não recebeu resposta até a publicação desta matéria. 

'Escândalos fabricados' 

Em longa postagem no X, antigo Twitter, Janones chamou o caso de "escândalo fabricado": "É a segunda vez que trazem esse assunto para tentar me ligar a crimes. Em 2022 já fizeram isso durante a campanha, também com áudios fora de contexto. Essas denuncias vazias nunca se tornaram uma ação penal ou qualquer processo, por não haver materialidade".

"Hoje saiu uma matéria, que está sendo espalhada pela extrema-direita, que me acusa de rachadinha, coisa que eu nunca fiz. Pra isso eles usaram uma gravação clandestina e criminosa, um áudio retirado de contexto e para tentar me imputar um crime que eu jamais cometi. Aproveito para solicitar que o conteúdo criminosamente gravado seja disponibilizado na íntegra e não edições manipuladas, postada quase simultaneamente por todas as lideranças de extrema-direita", pontua.