A defesa feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) do tratamento precoce e as críticas às medidas de isolamento social desagradaram os governadores brasileiros. Os políticos criticaram o pronunciamento do chefe do Executivo nacional na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na última terça-feira (22).
"No Brasil, para atender aos mais humildes, obrigados a ficar em casa por decisão de governadores e prefeitos, e que perderam sua renda, concedemos um auxílio emergencial de 800 dólares para 68 milhões de pessoas em 2020”, atacou Bolsonaro.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o presidente do Consórcio Nordeste, o governador Wellington Dias (PT), do Piauí, questionou a conduta do presidente. “Que presidente de um país, do Brasil ou de outros países ao longo da história, foi à ONU para colocar a culpa, para colocar responsabilidade, para fazer crítica ao próprio país?”, perguntou.
O petista ressaltou que as medidas tomadas pelos estados tiveram como único objetivo salvar vidas. “E era isso que queríamos do presidente. Agora, ele vai à ONU para colocar a responsabilidade pela situação social e econômica resultante da pandemia em quem trabalhou duro para salvar vidas”, criticou.
Confira o pronunciamento de Wellington Dias
Ao lado da ciência
Dias ressaltou que governadores e prefeitos sempre seguirão o que for recomendado pela ciência. "Repudiamos firmemente essa posição do presidente. E queremos dizer da importância de o Brasil criar juízo, e a união de todas as autoridades pensando no povo em primeiro lugar”, concluiu.
Nas redes sociais, outros governadores endossaram o coro contra o presidente. “Muita deslealdade de um chefe de Estado usar a tribuna da ONU para atacar governadores e prefeitos do seu país. E para insistir em mentiras sobre a pandemia. Esse é o Bolsonaro ‘moderado’?”, questionou Flávio Dino (PSB), governador do Maranhão.
Ao atacar governadores na ONU e insistir no mesmo discurso de tratamento ineficaz que defende desde o início da pandemia, o presidente da República repete o mesmo erro que levou o país a quase 600 mil mortos pela Covid-19.
— João Azevêdo (@joaoazevedolins) September 21, 2021
Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, lamentou pelo dano internacional que o discurso pode ter causado ao País. “Ao buscar responsabilizar governadores, o residente atacou a própria plateia que o assistia, dado que as restrições à circulação de pessoas se impuseram mundialmente. Reconquistar a credibilidade internacional, para o Brasil voltar a crescer, será desafio do próximo presidente”, publicou.
Conforme o Diário do Nordeste mostrou na terça-feira (21), as falas do presidente também foram criticadas por opositores no Ceará, já aliados do presidente preferiram manter silêncio.