Ex-prefeito rompe com sobrinho e acusa: 'Quiseram fazer comigo o que a Erika fez com o Tio Paulo'

O atual prefeito assumiu o cargo após Carlomano ser afastado e renunciar ao comando do município em meio a uma investigação do Ministério Público

Ex-prefeito de Pacatuba, Carlomano Marques (MDB) anunciou, nesta terça-feira (23), o rompimento político com o sobrinho e prefeito da cidade, Rafael Marques (PSB). No comunicado, o político se comparou ao “Tio Paulo”, idoso levado morto por Erika Souza Vieira Nunes, sua sobrinha, a um banco para tentar sacar um empréstimo de R$ 17 mil.

Marques ocupa o cargo deixado por Carlomano após o emedebista ser afastado e renunciar ao comando do município. O ex-prefeito foi alvo de mandado de prisão em abril de 2023, durante a operação Polímata, deflagrada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), para apurar a prática de crimes contra a administração pública e licitatórios na Prefeitura do Município. À época, ele foi afastado do cargo e decidiu renunciar à função em fevereiro deste ano.

Agora, o político e seu sobrinho devem disputar as eleições deste ano em lados opostos. “Na qualidade de presidente do MDB de Pacatuba, quero informar que não existe mais nenhum laço político-partidário entre a minha pessoa e o prefeito Rafael Marques. Estamos livres para lançar ou apoiar outra candidatura”, escreveu.

Na nota publicada nas redes sociais, ele ainda fez insinuações contra o atual prefeito.

“Pela lealdade que tenho ao povo, em especial ao pacatubano, informo que esta decisão foi tomada porque quiseram fazer comigo o que a ‘Erika fez com o Tio Paulo’”
Carlomano Marques
Ex-prefeito de Pacatuba

Carlomano disse ainda que se reunirá, ainda nesta terça-feira, com o deputado estadual Daniel Oliveira (MDB) e com o deputado federal Eunício Oliveira (MDB), presidente do partido no Ceará, para definir os rumos do MDB Pacatuba.

“Tio Paulo”

Citado como referência por Carlomano, “Tio Paulo” tinha 68 anos e foi levado morto pela sobrinha para um banco, no Rio de Janeiro, na última terça-feira (16). Ela tentou liberar um empréstimo no nome dele. 

Funcionários do local perceberam que o homem estava visivelmente pálido e não respondia a comandos e avisaram às autoridades, que posteriormente declararam não ter sido possível definir se ele morreu antes de chegar ao banco ou já no local. 

A causa da morte, segundo o Instituto de Medicina Legal do Rio, foi por broncoaspiração de conteúdo estomacal e falência cardíaca.

No momento, Érika está presa e é suspeita de tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver. A defesa alega que o idoso chegou vivo à agência.

A polícia investiga o caso e busca entender se ela também tentou realizar empréstimos em outros bancos no dia anterior à morte de Paulo, que já estava debilitado e se recuperava de uma pneumonia.

Rafael Marques foi procurado pela reportagem por meio de ligações e mensagens, mas não houve retorno.