A desistência do prefeito Vitor Valim (PSB) de concorrer à reeleição em Caucaia embaralhou o grupo político de um jeito difícil de reordenar. O ministro Camilo Santana (PT), do qual o gestor municipal é discípulo, tem tido dificuldade em indicar um nome à sucessão na cidade, tendo em vista o desalinhamento de correligionários e a difícil conciliação com uma liderança de Fortaleza, a deputada federal Luizianne Lins (PT).
Isso, porque a petista quer voltar a ser prefeita da Capital e rivaliza com o deputado Evandro Leitão, favorito de Camilo, pelo posto de candidata do PT nessa empreitada. A vaga de Caucaia, então, serviria para acomodar a ex-prefeita ou até mesmo um aliado direto, como o secretário da Articulação Política do Ceará, Waldemir Catanho (PT), a fim de abrir caminho com folga para o pupilo do ministro em Fortaleza.
Nos bastidores, contudo, Luizianne tem deixado claro que não pretende abrir mão de Fortaleza. O diálogo em prol de Catanho, então, ocorre com o governador Elmano de Freitas (PT) e Camilo, ainda sem encaminhamento claro. Valim chegou a reunir a sua base em Caucaia, na segunda-feira (4), para apresentar o secretário como candidato, mas ele sequer compareceu ao encontro justamente pela incerteza em torno de seu nome.
Na ocasião, os partidos no entorno do prefeito manifestaram a vontade de apoiar uma candidatura com a qual tivessem mais afinidade e que fosse nativa do município. De olho no protagonismo governista, o presidente da Câmara Municipal, Tanilo Menezes (MDB), e o líder de Valim na Casa, Vanderlan Alves (União), colocaram-se como opções.
Segundo Alves, a comunidade de Valim aguarda um posicionamento do Governo Elmano sobre candidaturas até a segunda-feira (11). Caso isso não ocorra, o prefeito deve liberar a base para construir entendimento sobre o nome mais apropriado para a disputa.
O vereador lembra que recebeu cerca de 30 mil votos nas eleições de 2022 somente em Caucaia, o que lhe gabaritaria na peleja municipal. Não à toa, ele se tornou 1º suplente do União Brasil na Câmara dos Deputados. Apesar disso, não deve seguir no partido, e estuda migração para o MDB, o Republicanos ou o PSB na janela partidária, alinhando-se em definitivo ao Governo.
Por outro lado, caso o grupo entenda que Tanilo é a figura mais adequada para a disputa, Vanderlan afirma ao Diário do Nordeste que pode recuar da intenção de ser candidato e indicar a esposa Luzilene Ferreira (Nega do Vanderlan) como vice na chapa. Atualmente, ela é secretária-adjunta do Desenvolvimento Social de Caucaia.
O Diário do Nordeste buscou o vereador Tanilo Menezes e o prefeito Vitor Valim para comentar sobre as negociações no município, mas não obteve retorno.
Desincompatibilizado?
Diante desse impasse no bloco governista, surgiram rumores sobre uma suposta desincompatibilização adiantada de Catanho da Secretaria da Articulação Política do Estado. O mecanismo é uma espécie de afastamento ou renúncia de cargos públicos de pré-candidatos em anos eleitorais, a fim de evitar que figuras públicas sejam beneficiadas de suas funções na disputa nas urnas.
O despacho não consta no Diário Oficial do Estado (DOE) e também é negado pelo próprio secretário. Por meio de sua assessoria de imprensa, ele informou que “não há nada definido” sobre uma possível candidatura ou licença. Ele chegou a se reunir com o governador Elmano nesta terça-feira (5) para conversar sobre o assunto, mas ainda não há encaminhamento nesse sentido.
Catanho também esteve reunido com os integrantes do diretório municipal do PT em Caucaia no último dia 27 para discutir a sucessão municipal, conforme publicação nas redes sociais.
Nomes como Salmito Filho (PDT) e Lia Gomes (PDT), de malas prontas para o PSB de Cid Gomes, chegaram a ser ventilados em Caucaia, mas a movimentação dos atores citados acima enfraquece essas possibilidades.