No mesmo dia em que o Ministério da Saúde anunciou a suspensão da vacinação de adolescentes sem comorbidades contra a Covid-19, a compra de imunizantes voltou a colocar em lados opostos vereadores da base governista e da oposição na Câmara Municipal de Fortaleza.
O Ministério da Saúde mudou orientação que vinha sendo adotada até então e recomendou, nesta quinta, que a vacinação contra a Covid não seja realizada em adolescentes entre 12 e 17 anos sem comorbidades. A Secretaria da Saúde do Ceará já anunciou que dará continuidade à imunização do público nesta faixa etária no Estado.
O embate sobre a responsabilidade dos entes federados pela aquisição e distribuição de doses começou após o vereador Carmelo Neto (Republicanos) dizer que o governador Camilo Santana (PT) e o prefeito José Sarto (PDT) haviam mentido sobre compra direta de imunizantes, fora do Plano Nacional de Imunização (PNI).
"Não tem um cearense vacinado por uma vacina comprada por Camilo, muito menos um fortalezense vacinado com vacinas compradas pelo prefeito Sarto", disse o vereador de oposição, em defesa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Mudança
Representando a liderança do prefeito na Casa, Gardel Rolim (PDT) rebateu o parlamentar bolsonarista. Disse que a aquisição da Prefeitura havia sido condicionada à permissão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão do Governo Federal. E que o Governo do Estado também dependia do mesmo aval, no caso da Sputnik V, cujo contrato foi suspenso ainda em agosto, após meses de impasse junto à Anvisa.
"É quase inacreditável o pronunciamento do vereador Carmelo. Ele pega as informações e coloca de maneira que quer confundir o fortalense [...], a responsabilidade é do Governo Federal. O que o governador fez foi pedir autorização para comprar e nunca foi autorizado", rebateu o pedetista.
De acordo com o Plano Nacional de Imunização, é de responsabilidade da União a compra de vacinas. Com a demora da aquisição de doses por parte do Governo Federal, contudo, entrou em vigor em maio uma lei que também autoriza estados, municípios e o setor privado a comprarem imunizantes contra a Covid.
Danilo Lopes (Podemos) argumentou que a discussão sobre o tema não deveria ocorrer. "Essa questionamento não deveria existir mais. Obviamente existiu uma questão política, onde o Governo Federal procrastinou. Os governos estaduais decidiram de qualquer forma comprar vacinas".
Coronavac
O Ceará deve receber, em setembro, 3 milhões de doses da vacina Coronavac compradas diretamente do Instituto Butantan, de São Paulo, com recursos do Governo do Estado. Do total, 2,4 milhões de doses serão enviadas a cidades do interior.