O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nessa quinta-feira (11), que a carta em Defesa do Estado Democrático de Direito, assinada por mais de um milhão de pessoas, não passa de um "pedaço de papel qualquer".
Durante a sua live semanal nas redes sociais, o mandatário segurou um exemplar da Constituição de 1988, a qual ele considera como a "melhor carta à democracia".
"Alguém discorda que essa daqui é a melhor carta à democracia? Alguém tem dúvida? Acha que outro pedaço de papel qualquer substitui isso daqui?", questionou.
O manifesto pela democracia já havia sido chamado de "cartinha" por Bolsonaro, que sempre ironizou o documento. Para o chefe do Executivo, "assinar papel qualquer um assina", disse enquanto participava de um culto evangélico no Congresso.
'Constituição é única'
Após a transmissão no Instagram, Bolsonaro usou o Twitter para tecer novas críticas ao documento lido na "micareta do PT". Segundo ele, a carta pela democracia "vale menos que papel higiênico", porque a Constituição é a "única" importante na "garantia do estado democrático de direito".
- O Brasil já tem sua carta pela democracia: a Constituição. Essa é a única carta que importa na garantia do estado democrático de direito, mas foi justamente ela que foi atacada pelos que agora promovem um texto paralelo que, para efeitos legais, vale menos que papel higiênico.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) August 12, 2022
"Das duas uma, ou a esquerda repentinamente se arrependeu de suas ameaças crônicas à nossa democracia, como os esquemas de corrupção, os ataques à propriedade privada e a promoção de atos violentos, ou trata-se de uma jogada eleitoral desesperada. O golpe tá aí, cai quem quer", escreveu o presidente.
Adesão do manifesto
A "Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito", da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), foi aberta ao público em 26 de julho e lida nessa quinta-feira (11), quando alcançou a marca de 1 milhão de assinaturas.
Assinam o documento autoridades, banqueiros, empresários, ex-presidentes, atletas e artistas. Também participam da ação outros profissionais como porteiros, enfermeiros, motoristas, policiais e até desempregados.
Além do ex-presidente Lula (PT), outros candidatos ao Palácio do Planalto nas Eleições deste ano aderiram à carta. São eles: Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe D’Ávila (Novo), Soraya Thronicke (União Brasil), Sofia Manzano (PCB), Leonardo Péricles (Unidade Popular) e José Maria Eymael (Democracia Cristã).
O documento surgiu após ataques de Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro e às urnas eletrônicas, responsáveis pela computação dos votos.