A CPI das Associações Militares na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) recebeu nesta quarta-feira (5) o primeiro depoente, o presidente da Associação dos Profissionais de Segurança (APS), Cleyber Araújo. A Comissão investiga possível envolvimento de associações militares no motim de policiais que aconteceu no Ceará em 2020.
Ele foi convidado após requerimento do relator da CPI, Elmano Freitas (PT), e do Soldado Noélio (UB), único deputado da oposição na CPI.
Um dos principais momentos da sessão veio com a pergunta do relator da CPI, Elmano de Freitas, que questionou Araújo sobre as movimentações bancárias da APS.
Ele destacou que, nos últimos 5 anos, foram retirados R$ 2,3 milhões "na boca do caixa" pela APS. Entre os valores citados, a retirada de R$ 89 mil em fevereiro de 2020 e R$ 50 mil em maio de 2020.
Em resposta, Cleyber Araújo garantiu que os recursos "não são para a Associação, são para as demandas dos associados". Ele citou como exemplos a assistência jurídica e psicológica, auxílio funeral e reformas em quartéis.
Ligações políticas
A APS tem como um dos fundadores o deputado federal licenciado Capitão Wagner (União Brasil). A relação da associação com o pré-candidato ao Governo pela oposição também foi destacada na sessão.
Na conclusão dos questionamentos, o relator da CPI, Elmano de Freitas disse considerar que a APS é "braço político" do grupo ligado a Wagner.
"Não tenho nenhuma dúvida em afirmar que a APS é uma pessoa jurídica, braço político de um grupo político partidário do qual integra o deputado Wagner, o deputado Noélio, o vereador Reginauro. (...) E que está evidenciado no depoimento da testemunha que a APS financiou o transporte de policiais para os protestos que geraram os motins no Ceará".
A reportagem entrou em contato com a assessoria do deputado licenciado Capitão Wagner para que se manifeste sobre as acusações e aguarda resposta.
Veja os principais momentos do depoimento: